A Sérvia terá de suspender as atividades da refinaria da Indústria Petrolífera da Sérvia (NIS) depois que os Estados Unidos rejeitaram o pedido de licença para manter o fornecimento de petróleo bruto à unidade de Pančevo. O anúncio foi feito pelo presidente Aleksandar Vučić, que classificou a decisão como surpreendente e prejudicial ao país. A refinaria é controlada por grupos russos e, segundo Vučić, enfrenta risco imediato de paralisação do abastecimento nacional.
Interesses russos travam negociação
O presidente afirmou que a Rússia não pretende vender sua participação majoritária na NIS, apesar da pressão internacional. Para Vučić, o impasse é político e não financeiro. O líder sérvio reforçou que os proprietários têm o direito de manter o ativo, mas reconheceu que isso deixou Belgrado em posição delicada no contexto das sanções.
Perdas diárias e risco de sanções secundárias
A ministra da Energia, Dubravka Đedović Handanović, será responsável por notificar a empresa sobre a necessidade de interromper as operações. A refinaria perde cerca de 370 mil euros por dia sob as restrições atuais. Vučić alertou ainda para o risco de sanções secundárias ao Banco Nacional da Sérvia e às instituições comerciais que realizarem transações com a NIS — o que poderia destruir a classificação de investimento do país.
Impacto econômico ampliado
O presidente afirmou que a crise ultrapassa a refinaria e ameaça toda a economia sérvia. A partir de 13 de dezembro, nem a NIS nem a Lukoil poderão receber reservas estratégicas, o que equivaleria à aplicação prática das sanções a toda a Sérvia. O governo garantirá abastecimento para todos os postos, exceto os da NIS.
Reservas garantidas até o fim de janeiro
Segundo Vučić, a Sérvia possui mais de 200 mil toneladas de gasóleo entre estoques operacionais e obrigatórios, além de encomendas adicionais de diesel, gasolina e querosene. O fornecimento está assegurado até o fim de janeiro, embora com custos logísticos maiores devido ao transporte por rotas alternativas, como Ledince e Smederevo.
Pressões externas e disputa regional
Vučić acusou o oleoduto JANAF, da Croácia, de bloquear envios destinados às reservas sérvias, numa tentativa de sinalizar que a pressão não recai apenas sobre a NIS, mas sobre toda a Sérvia. O presidente também destacou que o país ainda não garantiu um novo contrato de gás e poderá recorrer a fontes alternativas se não houver acordo até sexta-feira.
Calendário de decisões e incertezas
Belgrado deu à Rússia até 15 de janeiro para decidir sobre a venda da NIS. Caso não haja avanço, “o Estado da Sérvia intervirá”, disse Vučić, sem detalhar quais medidas seriam tomadas. As sanções americanas contra a empresa entraram em vigor em 9 de outubro. A Gazprom Neft detém 44,9% da NIS; a Gazprom, 11,3%; e a Sérvia, 29,9%. A companhia emprega cerca de 13.500 pessoas e opera mais de 480 postos na região.
