O Papa Leão XIV, em sua primeira viagem apostólica desde a eleição, iniciou a segunda etapa no Líbano, após passagens por Ancara, Iznik e Istambul, na Turquia. No voo de Istambul para Beirute, o Pontífice fez declarações significativas sobre o papel da Santa Sé no Médio Oriente. Ele afirmou que a única solução para a Palestina é a solução dos dois Estados, mas declarou que Israel “não a aceita”.
A Santa Sé apoia durante anos a solução dos dois Estados, mas o Papa Leão XIV reconhece o impasse: “todos sabemos que Israel não a aceita. No entanto, esta é a única solução para o conflito”. A declaração posiciona a Igreja como “voz mediadora que pode ajudar a avançar para uma solução que seja justa para todos”, reiterando o compromisso com o diálogo regional, que incluiu o encontro com o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan.
O Papa Prevost aterrou em Beirute e foi recebido pelo Presidente do Líbano, Joseph Aoun, e pelo Primeiro-Ministro, Nawaf Salam. O Presidente Aoun saudou o Pontífice como “mensageiro da paz na terra da paz“. À chegada, estavam presentes também o Presidente da Assembleia Nacional, Nabih Berri, e o Patriarca de Antioquia dos Maronitas, Cardeal Béchara Boutros Raï.
Mensagem de Paz em um Líbano Turbulento
No Palácio Presidencial, após um breve encontro privado com Aoun e Salam, Leão XIV dirigiu-se às autoridades libanesas com um discurso que abordou o pessimismo global. Ele alertou: “À nossa volta, em quase todo o mundo, uma espécie de pessimismo e de sentimento de impotência parece ter vencido: as pessoas parecem já nem sequer ser capazes de se perguntar o que podem fazer para mudar o curso da história“.
O Papa exaltou a virtude da paz, definindo-a como “muito mais do que uma palavra: é um desejo e uma vocação, um dom e um local de construção sempre aberto“. Ele reservou uma “bem-aventurança especial” para as autoridades libanesas se conseguirem colocar o objetivo da paz acima de tudo. A agenda da primeira tarde no Líbano incluiu a plantação de um “cedro da amizade” no jardim do Palácio Presidencial, na presença do Secretário de Estado Pietro Parolin.
Agenda Apostólica e a Memória da Tragédia
No dia seguinte, 1 de dezembro, a agenda inclui a visita ao mosteiro de São Maron e São Charbel, em Annaya, um símbolo da religiosidade e do espírito ecuménico libanês. A viagem assinala o 1700º aniversário do Concílio Ecuménico de Niceia. De regresso a Beirute, o Papa irá rezar silenciosamente diante do monumento de aço que guarda os nomes dos mortos na trágica explosão de 2020 no porto da cidade.
Na Turquia, primeira etapa da viagem, Leão XIV participou de uma liturgia divina com o Patriarca Ecuménico Bartolomeu, reforçando a mensagem de paz e a rejeição à “fragmentada terceira guerra mundial”. Ele elogiou o “corajoso testemunho cristão do povo arménio ao longo da história”, uma referência ao massacre ocorrido durante a Primeira Guerra Mundial, que o Papa Francisco qualificou como genocídio.
