A Lista Sérvia, maior partido da comunidade sérvia no Kosovo e apoiado por Belgrado, caminha para uma “vitória certa” nas eleições parlamentares extraordinárias de 28 de dezembro.
A avaliação é de Zoran Savić, da organização não governamental Aktiv, de Mitrovica do Norte, que atribui o cenário à falta de cooperação entre os partidos e iniciativas cívicas da oposição sérvia.
As eleições extraordinárias foram convocadas após o Movimento Vetëvendosje, de Albin Kurti, que venceu o pleito de 9 de fevereiro, não conseguir formar um novo governo em Pristina.
Negociações Fracassadas
Nos últimos dias, a oposição tentou unificar as entidades sérvias para criar uma alternativa forte contra as políticas dos governos em Pristina e Belgrado, e se opor ao monopólio da Lista Sérvia. O grupo incluía o Partido pela Liberdade, Justiça e Sobrevivência, de Nenad Rašić — ex-ministro do governo Kurti. No entanto, todas as negociações fracassaram.
Como resultado, apenas três entidades participarão do pleito: a Lista Sérvia, o Partido pela Liberdade, Justiça e Sobrevivência e a Liga do Kosovo — partido formado em junho com o apoio do deputado do Parlamento sérvio, Zarko Ristic.
O cientista político Ognjen Gogić, de Belgrado, explicou à Rádio Europa Livre que a fragmentação enfraqueceu as entidades menores. “A comunidade sérvia é pequena e não precisa de tantos atores políticos. A questão é: por que não se uniram naquela época, para as eleições parlamentares e locais… Agora não têm nem recursos nem energia para ir às eleições novamente”, disse Gogić.
Domínio Consolidado da Lista Sérvia
Nas eleições de 9 de fevereiro, a Lista Sérvia já havia demonstrado seu domínio, conquistando nove das dez cadeiras reservadas para a comunidade sérvia na Assembleia do Kosovo. Apenas uma cadeira foi garantida pelo partido de Nenad Rašić.
Nas eleições locais de outubro e novembro, a Lista Sérvia assegurou o poder em todos os dez municípios com maioria sérvia, consolidando sua hegemonia.
Vaidades Pessoais Travam a Unificação
Partidos e iniciativas cívicas atribuíram a responsabilidade pelo fracasso das negociações a seus rivais.
A Liga do Kosovo, de Goran Marinković, alegou que apenas o seu partido tinha intenções sinceras em criar uma coligação mais ampla. O comunicado da Liga foi ácido: “Os representantes de outros partidos pareciam estar mais focados em seu posicionamento pessoal na lista eleitoral do que no interesse comum”.
O Partido Democrático Sérvio, de Aleksandar Arsenijevic, alegou ter feito muitas concessões, mas não conseguiu ultrapassar suas “linhas vermelhas”. O partido afirmou que o grupo opositor solicitou a exclusão completa de seu presidente da lista eleitoral e da vida política. Arsenijevic está sendo procurado pela polícia do Kosovo desde junho, sob a acusação de posse de armas em sua propriedade — o que ele nega, alegando que foi uma armação das autoridades.
Alternativa Busca uma Terceira Via
Ognjen Gogić destaca que, nas próximas eleições, o único rival de peso da Lista Sérvia será o partido de Rašić. No entanto, ele afirma que há um “núcleo de oposição” ativo entre os eleitores sérvios que busca uma alternativa.
“Existe a necessidade de uma terceira via, mas o problema é que os atores políticos não conseguem articular essa necessidade adequadamente”, enfatiza Gogić.
Zoran Savić reforça que a falta de união da oposição — cujos conflitos e divisões internas são predominantes — desperdiçou uma rara oportunidade de desafiar a Lista Sérvia. Ele não espera grandes mudanças no número de mandatos em comparação com as eleições anteriores.
