Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, ameaça censura de TV em meio a ataques à imprensa.

Em um novo e grave ataque à liberdade de imprensa, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recorreu à sua plataforma, Truth Social, para ameaçar a censura de canais de televisão. Ele defendeu que a Comissão Federal de Comunicações (FCC) casse as licenças de transmissão da NBC e da ABC, acusando-as de serem “braços do Partido Democrata” por darem 97% de notícias negativas sobre seu governo.

A ofensiva de Trump contra a mídia é uma de suas marcas registradas, denunciada por críticos como uma estratégia para deslegitimar a imprensa e a democracia.

As declarações de Trump ocorrem no momento em que a Paramount, controladora da CBS, se move para vender a rede. O presidente da FCC, Brendan Carr, aprovou a negociação após a empresa compradora, Skydance, prometer uma programação com “diversidade de pontos de vista” e redução da “parcialidade política”. A posição de Carr é criticada por analistas como um perigoso alinhamento com a retórica governista.

Censura, dados e a guerra contra a imprensa

O presidente dos EUA sustenta que a cobertura crítica da mídia é motivada por “fake news” e que, se não perderem as licenças, as redes deveriam ser obrigadas a pagar taxas milionárias pelo uso do espectro de transmissão. Curiosamente, enquanto acusa a mídia de ser tendenciosa, Trump alegou ter “maiores índices de aprovação”, citando números entre 60% e 70%.

No entanto, dados de um levantamento recente da Reuters/Ipsos contradizem as alegações de Trump. A pesquisa, divulgada na última semana, mostrou que sua aprovação está em 40%, com a desaprovação em 54%. A pesquisa foi conduzida após o encontro de Trump com o presidente russo, Vladimir Putin, no Alasca, em agosto. O evento foi amplamente criticado pela população e reforçou a percepção de alinhamento excessivo entre os dois líderes.

Estratégia de desinformação e riscos à democracia

O ataque de Trump à imprensa, em especial às redes de TV, é parte de uma estratégia de desinformação mais ampla que busca erodir a confiança nas instituições democráticas. A acusação de “fake news” e a ameaça de cassação de licenças demonstram um profundo desrespeito pela liberdade de expressão e pela imprensa. O alinhamento de Brendan Carr, um agente do poder público, com a narrativa de Trump, mostra a permeabilidade de agências reguladoras à pressão política, um risco que se agrava com o avanço do ultraliberalismo.

A retórica de Trump não apenas busca silenciar vozes críticas, mas também desviar a atenção de sua baixa aprovação popular e de suas políticas controversas.

O episódio é um lembrete do quão frágil pode ser a liberdade de imprensa em um ambiente político polarizado, especialmente quando líderes populistas ocupam o poder e deslegitimam o papel do jornalismo na fiscalização.

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JR Vital - Diário Carioca
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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.