O presidente dos EUA, Donald J. Trump, elevou drasticamente o tom da escalada militar contra a Venezuela ao ameaçar o uso de força letal e ataques terrestres em nome da luta contra o “narcoterrorismo”. Em uma declaração à imprensa durante sua reunião de gabinete nesta terça-feira, Trump usou linguagem forte para descrever a próxima fase da ofensiva.
“Vamos acabar com esses filhos da puta,” declarou Trump.
O presidente dos EUA justificou a necessidade de ataques terrestres, alegando maior facilidade de localização dos alvos. “Vamos começar a realizar ataques terrestres,” disse Trump. “É muito mais fácil em terra; sabemos onde eles moram. E vamos começar isso muito em breve também.”
Trump expandiu a ameaça para a Colômbia, mencionando que qualquer nação que produza e venda cocaína aos EUA está sujeita a ataques.
Controvérsia sobre Crimes de Guerra
As declarações de Trump ocorrem em meio a uma intensa controvérsia sobre a conduta militar no Caribe, que colocou o Secretário de Defesa, Pete Hegseth, sob os holofotes. O The Washington Post noticiou que Hegseth deu a ordem para não deixar sobreviventes em ataques a barcos suspeitos de tráfico de drogas, em uma campanha que já resultou em 83 mortes em 21 ataques.
O caso mais grave é o de 2 de setembro, no qual, após o primeiro ataque, um segundo foi lançado para eliminar os dois sobreviventes, violando a lei do mar, que exige o dever de resgatar náufragos. O ato é passível de ser considerado um crime de guerra.
A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, defendeu Hegseth, alegando que os grupos atacados são “narcoterroristas” e estão sujeitos a ataques letais sob as leis de guerra. Hegseth também se defendeu, comparando a abordagem com a luta contra a Al-Qaeda e o Estado Islâmico, e criticou a imprensa por não entender a “névoa da guerra”.
“O Presidente Trump deu poder aos comandantes para fazerem o que for necessário — coisas sombrias e difíceis — em nome do povo americano,” afirmou Hegseth.
No entanto, um relatório da Guarda Costeira adiciona incerteza aos ataques, afirmando que em 2024 apenas 21% das embarcações interceptadas na área transportavam drogas, enquanto 79% não carregavam nada ilegal.
Congresso Exige Prestação de Contas
Em resposta à escalada e às ações militares, o Congresso dos EUA tem exigido explicações. Embora uma resolução anterior no Senado que buscava impedir ataques tenha sido derrotada por 49 a 51, a Câmara dos Representantes registrou uma nova medida muito específica:
“O Congresso determina ao Presidente que retire as Forças Armadas dos Estados Unidos das hostilidades dentro ou contra a Venezuela, a menos que expressamente autorizadas por uma declaração de guerra ou por uma autorização legal específica para o uso da força militar.”
A resolução, proposta pelo deputado democrata James McGovern, visa forçar o presidente a obter a aprovação do Congresso antes de uma intervenção militar aberta na Venezuela.
