Trump ameaça ataques terrestres na Venezuela e exige "exterminar" inimigos em meio à polêmica sobre crimes de guerra
Atualizado em 02/12/2025 19:08

O presidente dos EUA, Donald J. Trump, elevou drasticamente o tom da escalada militar contra a Venezuela ao ameaçar o uso de força letal e ataques terrestres em nome da luta contra o “narcoterrorismo”. Em uma declaração à imprensa durante sua reunião de gabinete nesta terça-feira, Trump usou linguagem forte para descrever a próxima fase da ofensiva.

Vamos acabar com esses filhos da puta,” declarou Trump.

O presidente dos EUA justificou a necessidade de ataques terrestres, alegando maior facilidade de localização dos alvos. “Vamos começar a realizar ataques terrestres,” disse Trump. “É muito mais fácil em terra; sabemos onde eles moram. E vamos começar isso muito em breve também.”

Trump expandiu a ameaça para a Colômbia, mencionando que qualquer nação que produza e venda cocaína aos EUA está sujeita a ataques.

Controvérsia sobre Crimes de Guerra

As declarações de Trump ocorrem em meio a uma intensa controvérsia sobre a conduta militar no Caribe, que colocou o Secretário de Defesa, Pete Hegseth, sob os holofotes. O The Washington Post noticiou que Hegseth deu a ordem para não deixar sobreviventes em ataques a barcos suspeitos de tráfico de drogas, em uma campanha que já resultou em 83 mortes em 21 ataques.

O caso mais grave é o de 2 de setembro, no qual, após o primeiro ataque, um segundo foi lançado para eliminar os dois sobreviventes, violando a lei do mar, que exige o dever de resgatar náufragos. O ato é passível de ser considerado um crime de guerra.

A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, defendeu Hegseth, alegando que os grupos atacados são “narcoterroristas” e estão sujeitos a ataques letais sob as leis de guerra. Hegseth também se defendeu, comparando a abordagem com a luta contra a Al-Qaeda e o Estado Islâmico, e criticou a imprensa por não entender a “névoa da guerra”.

“O Presidente Trump deu poder aos comandantes para fazerem o que for necessário — coisas sombrias e difíceis — em nome do povo americano,” afirmou Hegseth.

No entanto, um relatório da Guarda Costeira adiciona incerteza aos ataques, afirmando que em 2024 apenas 21% das embarcações interceptadas na área transportavam drogas, enquanto 79% não carregavam nada ilegal.

Congresso Exige Prestação de Contas

Em resposta à escalada e às ações militares, o Congresso dos EUA tem exigido explicações. Embora uma resolução anterior no Senado que buscava impedir ataques tenha sido derrotada por 49 a 51, a Câmara dos Representantes registrou uma nova medida muito específica:

O Congresso determina ao Presidente que retire as Forças Armadas dos Estados Unidos das hostilidades dentro ou contra a Venezuela, a menos que expressamente autorizadas por uma declaração de guerra ou por uma autorização legal específica para o uso da força militar.

A resolução, proposta pelo deputado democrata James McGovern, visa forçar o presidente a obter a aprovação do Congresso antes de uma intervenção militar aberta na Venezuela.


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JR Vital - Diário Carioca
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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.