Berlim – A eleição geral na Alemanha, marcada para este domingo (23), pode consolidar o partido de extrema-direita Alternativa para Alemanha (AfD) como a segunda maior força política do país. Pesquisas indicam que a sigla pode atingir 20% dos votos, dobrando sua representação no Parlamento.
Nos últimos dez anos, a AfD ampliou sua base eleitoral, especialmente entre os jovens. Apesar das poucas chances de Alice Weidel se tornar chanceler nesta eleição, a legenda mira o poder nos próximos quatro anos.
O crescimento da AfD e suas propostas
A AfD defende pautas como a saída da União Europeia, o retorno do marco alemão e a retomada das relações com a Rússia. A sigla também propõe o desmonte de usinas eólicas e a política de “remigração”, que inclui a deportação de cidadãos alemães com base em sua etnia.
Desde sua fundação, há 12 anos, a AfD enfrenta resistência. Em 2023, um escândalo reacendeu o debate sobre sua proibição. Atualmente, em dois Estados alemães, a sigla é classificada como “extremista” e monitorada pelos serviços de inteligência.
A polêmica de Alice Weidel
Líder da AfD, Alice Weidel, 46 anos, ex-analista de investimentos, construiu sua carreira em bancos como Credit Suisse e Goldman Sachs. Criada em uma família católica, tem um histórico familiar controverso: seu avô foi juiz militar na Polônia ocupada pelos nazistas.
Apesar do discurso conservador da AfD sobre família tradicional, Weidel é lésbica e vive com sua esposa, a produtora de cinema Sarah Bossard, de origem cingalesa e cidadania suíça. A família reside grande parte do tempo na Suíça, alegando ameaças na Alemanha.
Weidel evita falar sobre sua vida privada, mas analistas destacam as contradições entre seu estilo de vida e as propostas do partido, que incluem restrições a imigrantes e famílias diversas.
O impacto das alianças internacionais
Com a ascensão de Donald Trump nos EUA, a AfD ganhou novos aliados. O vice-presidente americano JD Vance reuniu-se com Weidel dias antes da eleição, fortalecendo laços entre os partidos de extrema-direita.
Outro apoiador inesperado foi Elon Musk, que promoveu uma live com Weidel e declarou simpatia à AfD. Durante a transmissão, Weidel tentou dissociar a AfD do nazismo, alegando que Adolf Hitler era “de esquerda” e “socialista”, declarações que especialistas classificam como distorção histórica.
Entenda a ascensão da AfD
- Fundada em 2013, inicialmente como um partido eurocético.
- Cresceu ao contestar a política de imigração de Angela Merkel.
- Em 2024, foi classificada como “suspeita de extremismo” pela justiça alemã.
- Envolvida em escândalos sobre “remigração” e ligações com neonazistas.
- Expulsa do grupo europeu Identidade e Democracia.