Aumento de alemães na Hungria reflete crise interna

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BudapesteSzőlősgyörök – Nos últimos anos, um número crescente de alemães, em sua maioria aposentados, tem escolhido a Hungria como destino de moradia. Esse movimento, que cresceu um terço desde o início do novo milênio, é impulsionado tanto pelos custos de vida mais baixos quanto por uma certa insatisfação com a política migratória da Alemanha. Para muitos, a política de imigração mais rígida do país liderado pelo primeiro-ministro Viktor Orbán se tornou um atrativo.

Em localidades como a aldeia de Szőlősgyörök, por exemplo, já é possível ver que uma em cada dez casas pertence a alemães. Embora muitos inicialmente chegassem apenas para as férias, um número cada vez maior decide estabelecer residência permanente. Ines Iwanová, imigrante da Alemanha, afirmou: “Não era mais meu país. Por causa do que aconteceu lá nos últimos anos, já não me sentia confortável.”

A migração política e econômica

O casal de imigrantes, oriundos da Alemanha Oriental, exemplifica o perfil de muitos que se deslocam para a Hungria. Eles alegam que, devido ao crescente protagonismo da imigração no seu país, sentiram-se marginalizados. “Você se sentia como se fosse um cidadão de segunda classe. Você só existe para trabalhar e pagar”, afirmou Andre Iwan, ressaltando sua insatisfação com a política de imigração da Alemanha.

Este movimento de migração é visto por meios de comunicação húngaros como um sucesso para o governo de Orbán, que defende a redução da imigração e a preservação da identidade cultural do país. A política mais rígida do governo em relação à imigração, especialmente de países do Médio Oriente, é uma das principais motivações para esse deslocamento.

Atrações econômicas: custos mais baixos e clima agradável

A Hungria também oferece vantagens econômicas para os imigrantes alemães, principalmente aposentados. O custo de vida na Hungria pode ser significativamente mais baixo, com serviços e produtos até 50% mais baratos do que na Alemanha. Isso permite que mesmo aqueles com pensões mais modestas, entre 800 a 900 euros, vivam confortavelmente no país.

Além disso, o clima da Hungria é um fator importante para muitos. Kristof Szombati, antropólogo da Universidade Humboldt, destaca que, para muitos alemães, a qualidade de vida no país é um grande atrativo: “Mesmo que as suas pensões sejam baixas, na Hungria é suficiente para uma vida decente. Até o clima é melhor na Hungria.”

Desafios demográficos e migração inversa

No entanto, o movimento de migração não é unidirecional. Centenas de milhares de húngaros estão migrando para outros países da União Europeia, em busca de oportunidades de trabalho e estudo, principalmente para as economias mais desenvolvidas, como a Alemanha.

Enquanto os meios de comunicação húngaros celebram a chegada de alemães como um símbolo do “declínio do Ocidente”, como promovido pelo governo de Orbán, a migração interna e a busca por melhores condições de vida para os húngaros também merecem atenção. O fluxo de pessoas saindo da Hungria é uma realidade importante, mas muitas vezes negligenciada.

Entenda o caso

Migração alemã para a Hungria:

  • Aumento de alemães no país desde o início do milênio.
  • Hungria atrai principalmente aposentados alemães devido ao custo de vida mais baixo e clima favorável.
  • Política migratória da Alemanha é vista como um fator de afastamento para muitos alemães.
  • A chegada de alemães é interpretada como um sucesso para o governo de Viktor Orbán, que mantém uma postura rígida contra a imigração.
  • Centenas de milhares de húngaros migraram para países da UE, especialmente para a Alemanha.
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