Daniel Noboa é reeleito e oposição contesta vitória no Equador

Luisa González denuncia fraude e rejeita resultado; Noboa planeja ampliar estado de exceção
14 de abril de 2025
Leia em 2 mins
O presidente reeleito do Equador, Daniel Noboa: Luisa González não reconhece o resultado. Foto: Reprodução
O presidente reeleito do Equador, Daniel Noboa: Luisa González não reconhece o resultado. Foto: Reprodução

QuitoDaniel Noboa, atual presidente do Equador, venceu a eleição presidencial deste domingo (13) com 55,8% dos votos, conforme dados do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) com 90% das urnas apuradas. A candidata da esquerda, Luisa González, obteve 44,1%, mas rejeitou o resultado e alegou fraude.

González criticou o uso do estado de exceção no dia anterior ao pleito e acusou Noboa de manipular o CNE e o Tribunal Contencioso Eleitoral (TCE) para favorecer sua campanha.

Candidata denuncia fraude e uso político de instituições

A candidata da esquerda afirmou que o atual presidente utilizou o poder das instituições para interferir no processo eleitoral. Em discurso após a apuração, ela declarou:
“Noboa usou as autoridades da CNE e do TCE para atropelar a democracia e declarou estado de emergência para garantir a fraude grotesca que estamos testemunhando”.

Ela prometeu pedir a recontagem dos votos e afirmou que a Revolução Cidadã, projeto político do ex-presidente Rafael Correa, não reconheceria o resultado da eleição.

Decreto amplia medidas de segurança

O decreto executivo 599 autorizou medidas emergenciais como:

  • Suspensão da inviolabilidade de domicílio em 8 províncias
  • Suspensão da inviolabilidade de correspondência nas mesmas regiões
  • Toque de recolher em 22 cidades, das 22h às 5h — excluindo Quito

Daniel Noboa justificou o decreto alegando “graves distúrbios internos” causados pela criminalidade e atuação de grupos armados organizados.

Noboa celebra reeleição e promete continuidade

O presidente reeleito celebrou a vitória com discurso para apoiadores. “O Equador está mudando e escolheu um caminho diferente”, afirmou. Para ele, a eleição “foi histórica”, com vantagem de mais de um milhão de votos.

Críticas à agenda econômica e social

Wilson Barba, dirigente do partido Revolução Cidadã, avaliou que a reeleição de Noboa fortalece uma política ultraliberal:
“Noboa representa a manutenção de um multimilionário no poder. Seu projeto atende aos interesses das elites e não resolve os problemas da população”, declarou ao Brasil de Fato.

Desde sua posse em novembro de 2023, após eleição extraordinária motivada pela saída de Guillermo Lasso, Noboa enfrentou dificuldades para conter a violência e solucionar crises energéticas.

Crise de segurança e apagões desafiam o governo

O país enfrenta uma taxa de homicídios de 45 por 100 mil habitantes, além de 450 mortes em massacres prisionais desde 2021. A rede de saúde pública sofre com a falta de medicamentos e insumos.

Outro problema grave são os apagões diários que, desde o fim de 2024, duram entre 12 e 14 horas. As perdas econômicas já chegam a US$ 1,5 bilhão. Em resposta, a Assembleia Nacional aprovou uma lei que permite investimentos privados em geração elétrica de até 100 MW, apesar de a Constituição reservar esse setor ao Estado.

Propostas para novo mandato

Para o novo mandato, Noboa propõe:

  • Manutenção do estado de exceção
  • Ampliação de presídios de segurança máxima
  • Reforma constitucional para permitir bases militares estrangeiras
  • Aumento da oferta de energia com fontes renováveis
  • Combate à corrupção por meio de um plano nacional de integridade

Apesar das promessas, ele ainda não apresentou detalhes sobre como irá implementar as medidas.

Denúncias se repetem desde o primeiro turno

Durante a campanha, Luisa González já havia feito alertas sobre irregularidades. O artista e ex-diplomata Pavel Égüez declarou que o governo não respeitou as regras eleitorais. Segundo ele, “o CNE pode demorar até 10 dias para anunciar os resultados formais, mas as contestações seguem em aberto até a data da posse, em 24 de maio”.


Entenda: 5 pontos sobre a eleição no Equador

  1. Daniel Noboa venceu com 55,8% dos votos; Luisa González teve 44,1%
  2. A oposição denuncia fraude e uso indevido do CNE e do TCE
  3. O governo decretou estado de exceção antes da votação
  4. O país enfrenta apagões, crise de segurança e alta taxa de homicídios
  5. Noboa propõe ampliar repressão e privatizar parte do setor elétrico

Com informações do Brasil de Fato

Redacao

Equipe de jornalistas do Jornal DC - Diário Carioca

Authors

Newsletter

Most viewed

– Publicidade –

Don't Miss