Washington –
Donald Trump pretende reduzir drasticamente o orçamento da NASA, cortando quase metade dos recursos destinados à ciência espacial. Segundo o jornal The Washington Post, a proposta de orçamento enviada à agência pelo Escritório de Gestão e Orçamento (OMB) limita os recursos da Direção de Missão Científica da NASA a US$ 3,9 bilhões, bem abaixo dos US$ 7,3 bilhões atuais.
A medida ameaça cancelar missões em andamento e futuras, além de comprometer projetos de bilhões de dólares. A comunidade científica dos Estados Unidos reagiu com indignação. A proposta ainda precisa ser formalmente apresentada ao Congresso, que poderá rejeitá-la.
Reduções atingem projetos científicos essenciais
Se aprovada, a proposta eliminará ou reduzirá severamente importantes iniciativas da NASA. O orçamento da astrofísica cairá de US$ 1,5 bilhão para US$ 487 milhões. Já os projetos de ciência planetária passarão de US$ 2,7 bilhões para US$ 1,9 bilhão, enquanto as ciências da Terra terão redução de US$ 2,2 bilhões para US$ 1,033 bilhão.
A proposta também cancela o novo grande telescópio espacial da NASA e inviabiliza a missão que buscaria amostras de solo em Marte, previstas para análise de possíveis sinais de vida antiga.
“Evento de extinção” para a ciência espacial
Casey Dreier, da Planetary Society, classificou o plano como um “evento de extinção” para a ciência da NASA. Segundo ele, a proposta “desperdiça bilhões de dólares dos contribuintes” ao cancelar missões produtivas e projetos em construção.
A organização afirmou, em nota, que “em vez de iniciar uma nova era dourada da ciência e descobertas, a proposta mergulha a NASA numa era de trevas”.
Congresso pode barrar cortes
Bill Nelson, administrador da NASA durante o governo Biden, alertou para os riscos do corte: “Se prosseguirem com este tipo de selvajaria, a NASA vai cair num poço muito fundo”. Ele considera que a medida enfraquece todo o programa de exploração, inclusive o humano.
Chris Van Hollen, senador democrata por Maryland, prometeu resistência: “Penso que haverá uma forte oposição de ambos os partidos no Congresso aos cortes propostos”. Segundo ele, os impactos atingem também a segurança nacional e a liderança científica dos Estados Unidos.
Telescópios históricos seguem intocados
Apesar dos cortes propostos, os telescópios Hubble e Webb, responsáveis por descobertas e imagens marcantes do universo, continuam com apoio garantido. No entanto, nenhum novo projeto similar receberá financiamento.
Nome indicado por Trump é alvo de dúvidas
O empresário bilionário Jared Isaacman, escolhido por Trump para chefiar a NASA, ainda aguarda confirmação do Senado. Durante audiência recente, a maioria das perguntas dos senadores focou na missão Artemis, que prevê presença humana permanente na Lua com apoio da SpaceX e da Blue Origin.
Isaacman disse que apoiaria o projeto lunar, mas afirmou que as missões para Marte deveriam ser prioridade. O Planeta Vermelho é foco antigo de Elon Musk e também de Trump.
Elon Musk critica cortes e se afasta de Trump
Elon Musk, CEO da SpaceX e da Tesla, expressou preocupação com os cortes no financiamento da NASA. O empresário, que já foi aliado político de Trump, tem se afastado do ex-presidente. Segundo o Politico, Musk poderá deixar o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), criado para promover cortes federais.
O bilionário também divergiu da política de Trump sobre tarifas e criticou duramente Peter Navarro, conselheiro econômico da administração anterior. As críticas ocorrem em meio à queda das ações da Tesla e ao papel da SpaceX como principal fornecedora da NASA.
Entenda: 5 pontos sobre os cortes na NASA
- Trump propõe cortar quase 50% do orçamento científico da NASA
- Missões futuras e em andamento podem ser canceladas
- Telescópios Hubble e Webb seguirão financiados
- Congresso pode rejeitar proposta e manter programas
- Elon Musk critica corte e se distancia de Trump