Dúvida cruel

Eleições americanas: Kamala ou Michele? Eis a questão!

Especialista avalia desistência de Biden, apoio a Kamala Harris e o clamor por Michelle Obama

Foto: Reprodução / Instagram
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A atual vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, recebeu o apoio do presidente Joe Biden, que anunciou no domingo (21) sua desistência de tentar a reeleição. Em uma postagem nas redes sociais, Biden declarou seu “total apoio e endosso para que Kamala seja a candidata de nosso partido este ano”, e acrescentou: “Democratas — é hora de nos unirmos e derrotar Trump. Vamos fazer isso”.

Em resposta, Harris prometeu fazer “tudo ao meu alcance para unir o Partido Democrata – e unir nossa nação – para derrotar Donald Trump e sua agenda extrema”. Ela descreveu a decisão de Biden como um “ato altruísta e patriótico” e expressou estar “honrada” por ter o endosso do presidente.


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Enquanto Harris se prepara para enfrentar Donald Trump, muitos democratas e internautas têm expressado que preferem outra figura na corrida presidencial: Michelle Obama. A ex-primeira-dama é vista por muitos como a única capaz de vencer Trump.

“Neste momento, apenas a Michelle conseguirá vencer Trump. É um fato”, escreveu o empresário Steven Bartlet na rede social X. O sentimento foi dividido por muitos outros, incluindo o senador da Dakota do Norte, Kevin Cramer, que afirmou: “Acho que não estaria revelando nenhum segredo se dissesse que Michelle é a única pessoa capaz de unir o partido e de lhe dar um novo início graças, claro, à sua notoriedade”.

A pressão para que Michelle Obama entre na corrida é significativa, com internautas declarando que deixariam de votar no Partido Democrata se a sucessora de Biden não for nem Michelle, nem Kamala.

Em conversa com o Diário Carioca, Alexandre Pires, professor de relações internacionais e economia do Ibmec SP, destaca que “o abandono da campanha por Biden dá a possibilidade do Partido Democrata traçar uma nova linha de disputa com Trump, não só com um novo nome, mas também com uma nova estratégia, que incorpore o atentado contra Trump como variável e, sobretudo, as pesquisas eleitorais nos estados decisivos”.

Trump, por sua vez, seguirá atacando o Partido Democrata e criticando os novos nomes na disputa, incluindo Kamala Harris.

Trump já está com uma vantagem nos estados decisivos (os swing states), nos quais a vitória costuma se dar por pequenas maiorias

Alexandre Pires, professor de relações internacionais

Trump já começou a explorar a aparente contradição de Biden desistir da candidatura sem abrir mão da presidência, uma estratégia destinada a dificultar a transferência de votos.

Michele ou Kamala?

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Apesar do endosso de Biden a Kamala Harris, algumas pesquisas apontam que Michelle Obama seria a melhor candidata para derrotar Trump.

Dos nomes testados, Michelle Obama é o mais forte, com maiores chances de vitória, mas convencê-la a se expor em uma corrida presidencial, que recolocaria sobre escrutínio o legado de seu marido, o ex-presidente Barack Obama, seria uma barreira difícil de ser vencida pelas lideranças democratas

Alexandre Pires, professor de relações internacionais

Kamala Harris, por outro lado, é considerada o nome natural para suceder Biden. “Kamala é o nome natural para suceder Biden e também permite a manutenção da chapa e facilitaria a gestão das doações já recebidas. Contudo, nas sondagens pré-desistência, Harris teve desempenho semelhante ao de Biden, inclusive nos estados decisivos. Até a Convenção Democrata, Harris terá de legitimar seu nome diante de delegados e líderes do Partido, mas também de doadores”, comenta Pires.

Enquanto os democratas debatem sobre seu candidato ideal, o Partido Republicano, liderado por Donald Trump, continua a se preparar para a eleição. “Trump seguirá atacando o Partido Democrata até a convenção e criticando os nomes que entrarem na disputa pela candidatura democrata, como já está ocorrendo com a vice-presidente Kamala Harris”, afirmou Pires.

Desempenho de Kamala Harris

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Antes do atentado contra Trump, no dia 13 de julho, Kamala Harris apresentava um desempenho superior ao de Biden nas pesquisas de intenção de voto e parecia ter mais chances de derrotar Trump. No entanto, levantamentos feitos após o atentado mostraram que Trump ganhou força e venceria tanto Biden quanto Harris. Na última quinta-feira (18), uma pesquisa CBS News/YouGov revelou que Trump venceria Kamala por 51% a 48% e Biden por 52% a 47% (com margem de erro de 2,7%).

Outra pesquisa da Economist/YouGov, realizada entre os dias 13 e 16 de julho, mostrou que Harris obtinha 39% das intenções de voto, enquanto Trump liderava com 44%. O mesmo levantamento indicou que Biden também perderia para Trump: 41% a 43%.

Em ao menos três pesquisas feitas após a desastrosa participação de Biden no debate televisivo de 27 de junho, Kamala apareceu virtualmente empatada com Trump — em alguns casos à frente do ex-presidente — e com mais chances de vitória do que o atual ocupante da Casa Branca.

A retirada de Biden da corrida presidencial e seu apoio a Kamala Harris abrem novas possibilidades para o Partido Democrata, que deve agora decidir entre Harris e a potencial candidatura de Michelle Obama. Enquanto isso, Donald Trump e os republicanos se preparam para explorar qualquer divisão dentro do Partido Democrata. As próximas semanas serão cruciais para definir os rumos da disputa presidencial nos Estados Unidos.