A atual vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, recebeu o apoio do presidente Joe Biden, que anunciou no domingo (21) sua desistência de tentar a reeleição. Em uma postagem nas redes sociais, Biden declarou seu “total apoio e endosso para que Kamala seja a candidata de nosso partido este ano”, e acrescentou: “Democratas — é hora de nos unirmos e derrotar Trump. Vamos fazer isso”.
Em resposta, Harris prometeu fazer “tudo ao meu alcance para unir o Partido Democrata – e unir nossa nação – para derrotar Donald Trump e sua agenda extrema”. Ela descreveu a decisão de Biden como um “ato altruísta e patriótico” e expressou estar “honrada” por ter o endosso do presidente.
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Enquanto Harris se prepara para enfrentar Donald Trump, muitos democratas e internautas têm expressado que preferem outra figura na corrida presidencial: Michelle Obama. A ex-primeira-dama é vista por muitos como a única capaz de vencer Trump.
“Neste momento, apenas a Michelle conseguirá vencer Trump. É um fato”, escreveu o empresário Steven Bartlet na rede social X. O sentimento foi dividido por muitos outros, incluindo o senador da Dakota do Norte, Kevin Cramer, que afirmou: “Acho que não estaria revelando nenhum segredo se dissesse que Michelle é a única pessoa capaz de unir o partido e de lhe dar um novo início graças, claro, à sua notoriedade”.
A pressão para que Michelle Obama entre na corrida é significativa, com internautas declarando que deixariam de votar no Partido Democrata se a sucessora de Biden não for nem Michelle, nem Kamala.
Em conversa com o Diário Carioca, Alexandre Pires, professor de relações internacionais e economia do Ibmec SP, destaca que “o abandono da campanha por Biden dá a possibilidade do Partido Democrata traçar uma nova linha de disputa com Trump, não só com um novo nome, mas também com uma nova estratégia, que incorpore o atentado contra Trump como variável e, sobretudo, as pesquisas eleitorais nos estados decisivos”.
Trump, por sua vez, seguirá atacando o Partido Democrata e criticando os novos nomes na disputa, incluindo Kamala Harris.
Trump já está com uma vantagem nos estados decisivos (os swing states), nos quais a vitória costuma se dar por pequenas maiorias
Alexandre Pires, professor de relações internacionais
Trump já começou a explorar a aparente contradição de Biden desistir da candidatura sem abrir mão da presidência, uma estratégia destinada a dificultar a transferência de votos.
Michele ou Kamala?
Apesar do endosso de Biden a Kamala Harris, algumas pesquisas apontam que Michelle Obama seria a melhor candidata para derrotar Trump.
Dos nomes testados, Michelle Obama é o mais forte, com maiores chances de vitória, mas convencê-la a se expor em uma corrida presidencial, que recolocaria sobre escrutínio o legado de seu marido, o ex-presidente Barack Obama, seria uma barreira difícil de ser vencida pelas lideranças democratas
Alexandre Pires, professor de relações internacionais
Kamala Harris, por outro lado, é considerada o nome natural para suceder Biden. “Kamala é o nome natural para suceder Biden e também permite a manutenção da chapa e facilitaria a gestão das doações já recebidas. Contudo, nas sondagens pré-desistência, Harris teve desempenho semelhante ao de Biden, inclusive nos estados decisivos. Até a Convenção Democrata, Harris terá de legitimar seu nome diante de delegados e líderes do Partido, mas também de doadores”, comenta Pires.
Enquanto os democratas debatem sobre seu candidato ideal, o Partido Republicano, liderado por Donald Trump, continua a se preparar para a eleição. “Trump seguirá atacando o Partido Democrata até a convenção e criticando os nomes que entrarem na disputa pela candidatura democrata, como já está ocorrendo com a vice-presidente Kamala Harris”, afirmou Pires.
Desempenho de Kamala Harris
Antes do atentado contra Trump, no dia 13 de julho, Kamala Harris apresentava um desempenho superior ao de Biden nas pesquisas de intenção de voto e parecia ter mais chances de derrotar Trump. No entanto, levantamentos feitos após o atentado mostraram que Trump ganhou força e venceria tanto Biden quanto Harris. Na última quinta-feira (18), uma pesquisa CBS News/YouGov revelou que Trump venceria Kamala por 51% a 48% e Biden por 52% a 47% (com margem de erro de 2,7%).
Outra pesquisa da Economist/YouGov, realizada entre os dias 13 e 16 de julho, mostrou que Harris obtinha 39% das intenções de voto, enquanto Trump liderava com 44%. O mesmo levantamento indicou que Biden também perderia para Trump: 41% a 43%.
Em ao menos três pesquisas feitas após a desastrosa participação de Biden no debate televisivo de 27 de junho, Kamala apareceu virtualmente empatada com Trump — em alguns casos à frente do ex-presidente — e com mais chances de vitória do que o atual ocupante da Casa Branca.
A retirada de Biden da corrida presidencial e seu apoio a Kamala Harris abrem novas possibilidades para o Partido Democrata, que deve agora decidir entre Harris e a potencial candidatura de Michelle Obama. Enquanto isso, Donald Trump e os republicanos se preparam para explorar qualquer divisão dentro do Partido Democrata. As próximas semanas serão cruciais para definir os rumos da disputa presidencial nos Estados Unidos.