O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, descreveu o encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a Assembleia Geral da ONU como uma das “poucas coisas boas” do evento em Nova York.
A declaração foi revelada pela colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, após uma videoconferência entre os dois líderes nesta segunda-feira (6), que marcou a Reaproximação Lula E Trump após meses de tensão diplomática.
Clima cordial e diplomacia em reconstrução
Durante a conversa virtual, Lula e Trump discutiram a importância das relações bilaterais entre Brasil e Estados Unidos, que ambos consideram as maiores potências do Ocidente. O presidente brasileiro aproveitou o diálogo para cobrar a suspensão da sobretaxa de 50% imposta sobre produtos nacionais e pediu a revisão da decisão de cancelar os vistos de sete ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) — medida adotada pelo governo americano em meio às recentes tensões diplomáticas.
Segundo fontes do Palácio do Planalto, o encontro foi descrito como “amistoso”, mas “superficial”, com promessas de continuidade das negociações em nível técnico. Donald Trump designou o secretário de Estado Marco Rubio para conduzir as tratativas com Geraldo Alckmin, Fernando Haddad e Mauro Vieira, sinalizando abertura para recompor canais diplomáticos entre os dois governos.
Trump elogia Lula e critica a ONU
Ainda durante a conversa, Trump voltou a criticar a ONU, classificando o encontro com Lula como um dos raros pontos positivos de sua passagem por Nova York. Segundo a Folha, o republicano reclamou de falhas de infraestrutura no evento — incluindo uma escada rolante que não funcionava —, mas destacou a “excelente química” com o presidente brasileiro.
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Essa aproximação surpreendeu o próprio Lula, que, em coletiva posterior, afirmou ter ficado surpreso com o elogio, já que o americano “foi mal informado sobre o Brasil”. O tom amistoso, no entanto, reforça o esforço diplomático do governo brasileiro em restabelecer pontes com Washington após anos de políticas comerciais punitivas e discursos hostis.
Comércio, geopolítica e novo alinhamento
Durante os 30 minutos de conversa, Lula reiterou que o Brasil é um dos três países do G20 — ao lado do Reino Unido e da Austrália — que mantêm déficit comercial com os Estados Unidos, pedindo uma revisão da política tarifária americana. O presidente também sugeriu um novo encontro presencial durante a Cúpula da ASEAN, na Malásia, prevista para o fim de outubro, onde pretende discutir acordos em comércio, tecnologia e meio ambiente.
Para analistas políticos, a Reaproximação Lula E Trump reflete um movimento estratégico de Brasília para reequilibrar sua política externa, buscando espaço tanto no Sul Global quanto em negociações diretas com potências ocidentais. O gesto é interpretado como tentativa de reduzir tensões comerciais e ampliar o protagonismo brasileiro em fóruns internacionais, como o G20 e a COP30, que ocorrerá em Belém (PA).



