O governo de Israel confirmou nesta segunda-feira (6) a deportação da ativista sueca Greta Thunberg e de outros 170 militantes estrangeiros detidos após a interceptação de uma flotilha humanitária que seguia para a Faixa de Gaza.
A operação, conduzida por forças navais israelenses no fim de semana, impediu que mais de 40 embarcações com suprimentos e voluntários internacionais chegassem ao território palestino sitiado.
Israel chama grupo de “provocadores” e anuncia deportações em massa
Em comunicado oficial, o Ministério das Relações Exteriores de Israel classificou os participantes como “provocadores” e afirmou que todos os detidos foram enviados em voos para Grécia e Eslováquia.
“Mais 171 provocadores da flotilha Hamas–Sumud, incluindo Greta Thunberg, foram deportados hoje de Israel (…). Todos os direitos legais dos participantes deste espetáculo de relações públicas foram e continuarão sendo plenamente respeitados”, afirmou o governo israelense em nota.
A ação faz parte de uma série de deportações em massa iniciadas após a interceptação da flotilha Hamas–Sumud — nome que, em árabe, significa “resistência”. O grupo pretendia entregar alimentos, medicamentos e kits de primeiros socorros à população civil de Gaza, em meio ao agravamento da crise humanitária.
Brasileiros continuam presos; governo brasileiro aciona a ONU
Entre os detidos estão cidadãos brasileiros, que segundo o Itamaraty, ainda permanecem sob custódia israelense nesta segunda-feira. O governo brasileiro apresentou denúncia formal ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, classificando o episódio como “violação do direito internacional e dos princípios humanitários fundamentais”.
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Autoridades diplomáticas afirmam que não há confirmação oficial sobre o número exato de brasileiros entre os presos, mas todos estariam em centros de detenção próximos a Tel Aviv.
Denúncias de maus-tratos e reação internacional
A deportação de Greta Thunberg ocorre após denúncias de maus-tratos durante o período de detenção. Dois ativistas estrangeiros afirmaram, no sábado (4), que a sueca estaria sendo mantida em condições degradantes. O governo de Israel negou as acusações, dizendo que Greta e outros “se recusaram a colaborar com os trâmites legais de deportação”.
Organizações de direitos humanos, incluindo a Anistia Internacional e a Human Rights Watch, pediram investigação independente sobre o tratamento dado aos ativistas. Governos da Noruega, Suécia e Irlanda também exigiram esclarecimentos sobre a operação naval israelense.
Até o momento, cerca de 340 estrangeiros foram deportados desde o início da ação, e as autoridades israelenses afirmam que pretendem concluir o processo “nos próximos dias”.
Flotilha Hamas–Sumud e o agravamento da crise em Gaza
A flotilha Hamas–Sumud reunia ativistas de mais de 30 países, entre eles médicos, jornalistas e defensores dos direitos humanos. O grupo havia zarpado da Grécia com destino ao porto de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, levando ajuda humanitária bloqueada há meses por Israel.
A operação de interceptação, considerada desproporcional por especialistas em direito internacional, reacendeu o debate sobre o bloqueio israelense imposto a Gaza — vigente há mais de 17 anos e considerado uma forma de punição coletiva pela ONU.
Dois anos do conflito e acusações de genocídio
O episódio ocorre às vésperas de o conflito entre Israel e Hamas completar dois anos, em 7 de outubro de 2025. Os ataques israelenses começaram após o ataque do Hamas em 2023, que deixou 1.200 mortos e 250 reféns.
Desde então, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, reconhecidos pela ONU, mais de 67 mil pessoas foram mortas e 170 mil ficaram feridas na ofensiva israelense. O número inclui milhares de mulheres e crianças, além do colapso total dos hospitais e da infraestrutura civil.
“O bloqueio contínuo, aliado à destruição sistemática de infraestrutura, configura elementos de genocídio”, declarou recentemente a Relatora Especial da ONU para Direitos Humanos nos Territórios Palestinos, Francesca Albanese.
Israel, por sua vez, nega as acusações e alega que o bloqueio marítimo e terrestre visa impedir o rearmamento do Hamas.
Pressão diplomática e isolamento de Israel
A deportação de Greta Thunberg, figura globalmente reconhecida por sua atuação climática e política, ampliou a pressão diplomática sobre o governo de Benjamin Netanyahu, já criticado por líderes europeus e pela comunidade internacional.
Em Bruxelas, parlamentares do Parlamento Europeu pediram sanções econômicas e suspensão de acordos de cooperação militar com Israel, caso as violações humanitárias persistam.
No Brasil, movimentos sociais e organizações de direitos humanos convocaram protestos para esta semana em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, exigindo a libertação dos ativistas brasileiros e o fim do bloqueio a Gaza.
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