O presidente Lula criticou duramente o governo de Israel nesta segunda-feira (6), acusando-o de violar leis internacionais ao interceptar, fora de suas águas territoriais, os integrantes da Flotilha Global Sumud, entre eles cidadãos brasileiros. A embarcação levava alimentos, água potável e suprimentos médicos à população de Gaza, quando foi detida pela marinha israelense em 2 de outubro.
Lula condena prisões e cobra ação diplomática imediata
Nas redes sociais, Lula afirmou que Israel “segue cometendo violações ao mantê-los detidos em seu país” e determinou ao Ministério das Relações Exteriores que use todas as ferramentas diplomáticas e legais para garantir a integridade dos brasileiros presos.
“Desde a primeira hora, dei o comando ao nosso Ministério das Relações Exteriores para que preste todo o auxílio para garantir a integridade dos nossos compatriotas e use todas as ferramentas diplomáticas e legais junto ao Estado de Israel, para que essa situação absurda se encerre o quanto antes”, escreveu o presidente.
A ordem reflete a postura ativa e humanitária da diplomacia brasileira, que acompanha de perto a situação dos detidos. Segundo o Itamaraty, quatro dos 13 brasileiros permanecem em greve de fome em protesto contra as condições de encarceramento. Todos estão presos na penitenciária de Ktzi’ot, no deserto de Negev.
Deputada Luizianne Lins denuncia violações e violência psicológica
A deputada federal Luizianne Lins (PT-CE), integrante da flotilha, divulgou nota relatando condições precárias e abusos psicológicos sofridos pelos detidos. Segundo ela, os ativistas foram negados de assistência jurídica, forçados a audiências sem defesa e impedidos de acessar medicamentos.
“Alguns, inclusive eu, só receberam medicamentos após pressão diplomática”, afirmou Luizianne.
A parlamentar relatou ainda violência psicológica, ausência de tratamento médico adequado e interrogatórios por pessoas não identificadas. As denúncias estão sendo acompanhadas pelo Itamaraty e pela organização Adalah, que presta assistência jurídica aos presos.
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Israel nega abusos e chama flotilha de provocação política
Em resposta, o governo israelense afirmou que “não houve abusos” e classificou os participantes da missão como “provocadores da Flotilha Hamas-Sumud”. A chancelaria israelense alegou que “todos os direitos legais foram respeitados” e acusou os ativistas de “disseminar mentiras como parte de uma campanha de desinformação”.
Apesar das negativas, organizações internacionais e observadores de direitos humanos mantêm fortes críticas à ação militar israelense, vista como um ataque à ajuda humanitária e à liberdade de navegação.
Flotilha Sumud: missão humanitária e desafio ao bloqueio de Gaza
A Flotilha Global Sumud, que partiu de Barcelona em 31 de agosto, tinha como objetivo romper o bloqueio imposto por Israel à Faixa de Gaza e entregar ajuda humanitária à população palestina. A interceptação, feita em águas internacionais, foi amplamente condenada por juristas e entidades de direitos humanos, que apontam violação da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar.
“Interferir em missão humanitária em águas internacionais é crime internacional. A resposta do Brasil precisa ser firme”, avalia o professor de Direito Internacional Antônio de Almeida, ouvido pelo Diário Carioca.
Até o momento, Israel deportou cerca de 170 ativistas da flotilha, entre eles a ativista climática Greta Thunberg, enviados à Grécia e à Eslováquia. No entanto, os brasileiros continuam presos, sem data prevista para liberação.
Brasil pressiona por libertação e amplia esforço diplomático
O Ministério das Relações Exteriores intensificou as negociações diplomáticas com Israel para assegurar a libertação dos brasileiros. De acordo com fontes da chancelaria, visitas consulares foram realizadas e há tratativas diretas com autoridades israelenses.
O governo brasileiro evita escalada de tensão, mas mantém posição firme sobre o caráter ilegal e desproporcional da ação israelense. A diplomacia trabalha para que os detidos sejam libertados ou deportados com segurança, respeitando o direito internacional e os tratados humanitários.



