InícioMundoMaría Corina Machado vence o Nobel da Paz 2025 e reacende polêmica...
Pois é

María Corina Machado vence o Nobel da Paz 2025 e reacende polêmica sobre o prêmio

Líder da extrema direita venezuelana é premiada apesar de histórico ligado a tentativas de golpe e apoio a sanções internacionais.

María Corina Machado, ex-deputada e principal voz da extrema direita venezuelana, foi anunciada nesta sexta-feira (10) como vencedora do Prêmio Nobel da Paz de 2025. O Comitê Norueguês do Nobel, em Oslo, justificou a escolha “pelos esforços persistentes em favor da restauração pacífica da democracia e dos direitos humanos na Venezuela”. A decisão, contudo, reacendeu um intenso debate internacional sobre o real significado do prêmio e os critérios que sustentam sua legitimidade política.

O reconhecimento vem no momento em que Machado continua inabilitada para disputar eleições na Venezuela, após condenações por infrações à Constituição. Mesmo assim, ela mantém protagonismo dentro e fora do país, com forte apoio de setores conservadores e da direita global.

O prêmio de 11 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 6,2 milhões) consolida sua imagem entre opositores do governo de Nicolás Maduro, mas também desperta críticas de analistas que veem na escolha uma tentativa de reabilitar figuras com passado controverso.


Uma escolha cercada de controvérsias

Segundo o Comitê Norueguês, María Corina representa “um dos exemplos mais extraordinários de coragem civil na América Latina”. O texto ressalta sua “defesa das eleições livres” e do “Estado de Direito”, porém ignora o histórico de sua organização Súmate, envolvida no golpe de Estado de 2002 contra o então presidente Hugo Chávez.

Na ocasião, a Súmate assinou o Decreto Carmona, que dissolveu o Congresso e suspendeu a Constituição venezuelana durante o breve governo do empresário Pedro Carmona Estanga. O episódio durou apenas 48 horas, mas deixou marcas profundas na história política do país.

Mais Notícias

Donald Trump anuncia retomada de testes nucleares nos EUA

EUA começarão em breve novos testes nucleares para se igualar a potências globais.

EUA suspendem tarifa sobre café, carne, banana e açaí do Brasil

Medida dos Estados Unidos elimina acréscimo de 50% sobre exportações brasileiras de alimentos

A ligação de Machado com movimentos golpistas e com o financiamento da National Endowment for Democracy (NED) — órgão ligado ao governo dos Estados Unidos — sempre levantou suspeitas sobre sua atuação. Em 2005, foi recebida na Casa Branca por George W. Bush, enquanto o embaixador venezuelano não era recebido em Washington, gesto interpretado como apoio explícito da Casa Branca à oposição chavista.


Entre o conservadorismo e o alinhamento internacional

Oriunda de uma das famílias mais ricas da Venezuela, filha do empresário Enrique Machado Zuloaga, dono da siderúrgica Sivensa, María Corina herdou influência e poder econômico. Seu conflito com o chavismo começou após Hugo Chávez expropriar empresas de sua família, gesto que a lançou à militância política.

Nos anos seguintes, consolidou-se como símbolo da elite econômica que se opõe ao projeto bolivariano. Fundou o partido Vente Venezuela e defende abertamente privatizações em massa, o Estado mínimo e até a venda da PDVSA, estatal do petróleo que sustenta a economia venezuelana.

Com discurso ultraliberal e conservador, assinou a Carta de Madri, documento que reúne nomes da extrema direita global, como Javier Milei, Giorgia Meloni e Eduardo Bolsonaro.

Em 2019, apoiou a autoproclamação de Juan Guaidó como “presidente interino” da Venezuela, em aliança direta com o governo de Donald Trump. Chegou a defender “uma intervenção militar cirúrgica” para retirar Maduro do poder — declaração registrada pela BBC e pela Deutsche Welle.


Polêmica internacional e memória histórica

A escolha de Machado se soma a uma lista de decisões polêmicas do Nobel da Paz. Em 1973, o prêmio foi concedido a Henry Kissinger, então secretário de Estado dos EUA, apesar dos bombardeios no Vietnã e no Camboja ainda estarem em curso. Décadas depois, Barack Obama recebeu o mesmo prêmio apenas nove meses após assumir a presidência, gerando críticas até dentro dos EUA.

Esses casos reforçam a percepção de que o Nobel, muitas vezes, atua como instrumento de poder geopolítico — premiando intenções, não resultados concretos.

Para analistas latino-americanos, a consagração de María Corina Machado reflete um esforço do Ocidente em reposicionar a direita regional sob o discurso de “defesa da democracia”, ainda que essa narrativa ignore passados autoritários e alianças com governos que violam direitos humanos.


Machado e a nova ofensiva internacional contra Maduro

Mesmo inelegível desde 2024, Machado segue articulando a oposição venezuelana e manteve influência decisiva nas primárias que escolheram Edmundo González Urrutia como candidato da Plataforma Unitária. Seu discurso é amplamente apoiado por políticos como Sergio Moro, Hamilton Mourão e Jorge Seif, com quem mantém diálogo frequente.

Ao vencer o Nobel, Machado ganha projeção global e legitima sua narrativa de vítima do regime chavista, embora seu passado continue marcado por episódios de intolerância política e pela defesa aberta de sanções econômicas que agravaram a crise humanitária venezuelana

JR Vital
JR Vitalhttps://diariocarioca.com/
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.
Parimatch Cassino onlineParimatch Cassino onlineParimatch Cassino onlineParimatch Cassino online

Relacionadas

Donald Trump anuncia retomada de testes nucleares nos EUA

EUA começarão em breve novos testes nucleares para se igualar a potências globais.

EUA suspendem tarifa sobre café, carne, banana e açaí do Brasil

Medida dos Estados Unidos elimina acréscimo de 50% sobre exportações brasileiras de alimentos

Email de Epstein menciona suposta relação sexual entre Trump e Clinton

Documentos revelados pela Câmara dos Deputados dos EUA incluem mensagens controversas

Fundo Amazônia recebe doação de 20 milhões de euros da União Europeia

Aporte foi oficializado durante a COP30, em Belém (PA)

Brasil aguarda resposta dos EUA sobre tarifas

Ministro Mauro Vieira e secretário Marco Rubio buscam acordo provisório para resolver pendências comerciais e tarifaço imposto pelos EUA

Mais Notícias

Recomendadas