O economista Mario Draghi aceitou o convite para a segunda tentativa de formar uma coalizão do Parlamento italiano para governar o país. Em janeiro, seu predecessor, Giuseppe Conti, fracassou na formação de uma frente para sustentar seu terceiro mandato. A partir de agora, Draghi consultará os partidos italianos para verificar se ele tem apoio para formar um novo governo. O candidato a primeiro-ministro já recebeu sinais de apoio da esquerda e da direita, incluindo políticos importantes, como Silvio Berlusconi, Matteo Renzi e Matteo Salvini.
De acordo com Carolina Pavese, professora de Relações Internacionais na ESPM SP, a indicação de Draghi revela o desejo de uma abordagem pragmática para dois problemas centrais enfrentados pela Itália: a pandemia e o desemprego. “A chave para a resolução dessas questões passa necessariamente pela gestão dos 200 bilhões de euros que serão recebidos da União Europeia para o enfrentamento das consequências da pandemia. Havia uma desconfiança em relação a capacidade de Giuseppe Conti para gerir esses recursos de forma eficiente”, afirma.
Draghi tem perfil técnico e longa carreira no setor financeiro. Foi presidente do Banco Central Europeu (2011-2019), além de ter servido no Banco Mundial e no Banco da Itália (2006-2011), o banco central do país. “Além da vivência no meio político, Draghi também é um acadêmico, doutor em Economia pelo MIT. É também muito pragmático, um clássico tecnocrata. A nova estratégia é fugir do discurso político e centrar mais no discurso técnico. Draghi não integra nenhum partido político. Porém, essa ideia de que a política pode ser neutra é falsa: não existe neutralidade, apenas uma mudança de estratégia e de discurso para formar um novo governo”, afirma Pavese.