EUA propõem à América Latina uma estratégia agrícola alternativa à da UE

Os Estados Unidos querem convencer os países latino-americanos a criar uma estratégia comum para avançar em direção a uma agricultura mais sustentável sem sacrificar a produtividade, uma abordagem que serviria como contrapeso à estratégia 'Do Campo à Mesa', da União Europeia

Washington, 8 oct (EFE).- Os Estados Unidos querem convencer os países latino-americanos a criar uma estratégia comum para avançar em direção a uma agricultura mais sustentável sem sacrificar a produtividade, uma abordagem que serviria como contrapeso à estratégia ‘Do Campo à Mesa’, da União Europeia.

Em entrevista à Agência Efe nesta sexta-feira, o Secretário de Agricultura dos Estados Unidos, Tom Vilsack, revelou que falou com os ministros da mesma pasta de Brasil e México para criar uma “coalizão para o crescimento da produtividade”, porque ele não está convencido pelo modelo europeu, baseado em parte na redução do uso de pesticidas.

“Pode haver uma grande perda de produtividade se seguirmos o caminho que os europeus escolheram. Nós não achamos que temos que sacrificar a produtividade para alcançar a sustentabilidade, nós achamos que você pode conseguir ambos”, disse Vilsack.

Os EUA ainda estão moldando a iniciativa, mas Vilsack afirmou que já recebeu “uma resposta muito positiva” da ministra brasileira Tereza Cristina, e que o secretário de Agricultura mexicano, Victor Villalobos, “também entende as oportunidades” que tal coalizão traria.

“As Américas, em particular, têm uma oportunidade de se unir, porque compartilhamos abordagens comuns à tecnologia, abordagens comuns à agricultura; e pensamos que isso oferece outra alternativa, outra forma de chegar à rede zero (emissões)”, disse Vilsack.

“Tanto o Brasil quanto os EUA dependem das exportações, e nós queremos ter certeza de que, seja qual for o caminho, o comércio não seja restrito”, acrescentou.

Um dos aspectos da estratégia ‘Do Campo à Mesa’ da UE que Vilsack considera inadequado é seu plano de reduzir o uso de pesticidas químicos em 50% e de fertilizantes em pelo menos 20% até 2030.

Em março, um relatório do Departamento de Agricultura dos EUA concluiu que se a mesma estratégia fosse aplicada globalmente, a produção agrícola mundial poderia cair até 11%, e os preços dos alimentos poderiam subir até 89%.

“Nós realmente não podemos nos dar ao luxo de não ter uma produtividade adequada, porque senão teremos muito estresse e muito conflito baseado no (a falta de) acesso aos alimentos”, argumentou.

Em vez de restringir tão fortemente o uso de pesticidas e herbicidas, o governo americano acredita que é melhor aproveitar os avanços em inovação para “usá-los com mais precisão”, com base no fato de que cada pedaço de terra é “diferente em termos do que precisa”.

“Ao mesmo tempo, pensamos que há uma enorme oportunidade com a edição de genes e outras tecnologias para potencialmente criar culturas que não precisam necessariamente de tantos pesticidas”, alegou o membro do governo de Joe Biden.

Vilsack, que também serviu como secretário de Agricultura durante os dois mandatos de Barack Obama (2009-2017), levantou essa ideia durante uma reunião do G20 no mês passado em Florença, na Itália, e enfatizou que os EUA compartilham com a UE o desejo de avançar em direção à agricultura sustentável.

“Queremos ressaltar que os europeus podem decidir seguir um caminho, mas há outro caminho, um caminho que se concentra na produtividade, inovação e tecnologia que pode nos levar ao mesmo lugar, ao mesmo objetivo”, disse Vilsack. EFE

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