Filho de ex-presidente do Panamá aceita ser extraditado da Guatemala aos EUA

Cidade da Guatemala, 8 nov (EFE).- Um tribunal da Guatemala ordenou nesta segunda-feira a extradição aos Estados Unidos de Ricardo Martinelli Linares, filho do ex-presidente panamenho Ricardo Martinelli (2009-2014), para que seja julgado por lavagem de dinheiro em caso vinculado à Odebrecht.

A decisão do Terceiro Tribunal de Sentença Penal da justiça guatemalteca veio depois de Martinelli Linares ter apresentado um documento no qual aceitava a extradição voluntariamente.

“Desejo expressar a minha vontade de concordar com o processo de extradição”, disse Martinelli Linares ao tribunal.

O filho do ex-presidente panamenho foi preso em julho de 2020 na Guatemala juntamente com o irmão, Luis Enrique Martinelli Linares, cuja extradição também foi aprovada pelo sistema judicial do país centro-americano. Eles serão transferidos para os Estados Unidos e, questão de dias ou semanas.

“O tribunal decide dar primazia a toda a vontade do senhor Martinelli”, disse o juiz Saúl Álvarez, presidente do tribunal durante a audiência.

Álvarez tramitou o “pedido formal de extradição do cidadão panamenho a fim de ser entregue às autoridades dos Estados Unidos”, segundo confirmou durante a audiência.

AS ACUSAÇÕES

O Ministério Público recordou que Martinelli Linares é acusado de enviar US$ 19 milhões a contas bancárias americanas, onde “várias transações” foram efetuadas por uma suposta propina original de US$ 28 milhões.

Ricardo Alberto Martinelli Linares e Luis Enrique foram presos em 6 de julho de 2020, quando tentavam viajar ao Panamá em avião privado, depois de quase um ano em paradeiro desconhecido.

A prisão foi feita a pedido dos Estados Unidos e os irmãos estão desde então detidos na prisão militar de Mariscal Zavala, no nordeste da Cidade da Guatemala.

A extradição de Luis Enrique Martinelli Linares foi ordenada em 25 de maio pelo Quinto Tribunal de Sentença Penal, uma vez que os julgamentos de ambos foram realizados em diferentes tribunais.

Ricardo Alberto decidiu não fazer declarações à imprensa durante nesta segunda-feira, após aparecer na audiência com um ferimento na perna e ter exigido uma bengala para se deslocar.

O pedido de extradição dos EUA decorre do suposto crime de lavagem de dinheiro durante o mandato do seu pai em caso de corrupção ligado à Odebrecht.

Segundo várias fontes, a extradição para os Estados Unidos pode ser finalizada nos próximos dias ou semanas com a aprovação do sistema de justiça guatemalteco.

De acordo com a acusação da Procuradoria do Distrito Leste de Nova York, os irmãos Martinelli Linares são responsáveis pelo crime de conspiração para cometer lavagem de dinehiro e dois crimes de ocultação de informação para esse efeito entre 2009 e 2015.

Em 15 de outubro, o ex-presidente panamenho Ricardo Martinelli disse querer que os dois filhos detidos na Guatemala fossem para os Estados Unidos em breve para “provarem a sua inocência”.

Os irmãos tentaram adiar a extradição com vários recursos durante o encarceramento na Guatemala, mas acabaram desistindo e cederam ao pedido dos EUA para que sejam julgados em solo americano. EFE

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