Ministro da Defesa peruano põe cargo à disposição após polêmica com militares

Lima, 8 nov (EFE).- O ministro da Defesa do Peru, Walter Ayala, colocou seu posto “à disposição” do presidente Pedro Castillo, após a polêmica surgida no país com o afastamento dos chefes do Exército e da Força Aérea (FAP) por supostamente se recusarem a promover militares recomendados pelo mandatário.

“Coloco meu posto à disposição do presidente da República e Chefe Supremo das Forças Armadas, agradecendo a meu país e cumprindo meu dever para com a pátria”, anunciou Ayala no Twitter nesta segunda-feira.

O ainda ministro, que postou uma foto na qual aparece ao lado de comandantes militares, pediu que “pretextos contra a democracia” não sejam “usados” e concluiu a mensagem marcando “o excelentíssimo presidente” Pedro Castillo.

Ayala fez o anúncio logo após a rádio “RPP” informar que Castillo havia pedido sua renúncia depois que o ex-comandante geral do Exército José Vizcarra alegou que o ministro e o secretário-geral do Palácio do Governo, Bruno Pacheco, haviam pedido a ele a promoção irregular de dois coronéis.

Essa denúncia abriu uma nova controvérsia no país, pois Vizcarra, no Exército, e Jorge Chaparro, na FAP, foram passados para a reserva, apesar de só estarem em seus postos há três meses – desde que Castillo renovou a liderança militar quando tomou posse, em agosto.

Vizcarra disse à “RPP” que soube de seu afastamento do cargo e ida para a reserva através da imprensa, porque “nem mesmo o ministro” lhe informou a respeito, e que a pressão para fazer as promoções veio de Pacheco e Ayala.

De acordo com o ex-comandante, quando Ayala descobriu que não haviam sido incluídos na lista de promoção os candidatos recomendados, ele o chamou para lhe dizer que o secretário do presidente “estava desconfortável”.

Vizcarra acrescentou que, mais tarde, em uma reunião no Palácio do Governo com Pacheco, ouviu dele que “tudo pode ser feito se você quiser que seja” e exigiu lealdade ao presidente.

Nesta segunda-feira, após uma longa sessão extraordinária do Conselho de Ministros, o ministro da Defesa garantiu que estava avaliando sua renúncia, enquanto no Congresso foi apresentada uma lista de perguntas para que ele se explicasse sobre o caso pelo plenário.

Ayala disse a jornalistas que lamentava que “se politize uma questão na qual até mesmo o presidente está sendo envolvido” e negou que tivesse havido qualquer interferência nas promoções. EFE