Oposição argentina comemora triunfo em eleição legislativa de olho em 2023

Buenos Aires, 14 nov (EFE).- A coalizão Juntos pela Mudança, a principal de oposição ao governo da Argentina e à qual pertence o ex-presidente Mauricio Macri, comemorou sua vitória nas eleições legislativas de domingo, nas quais foi a mais votada na maioria dos distritos do país.

“Milhões de argentinos em todo o país disseram chega e derrotaram a tristeza, a frustração, a dor, a raiva”, afirmou María Eugenia Vidal, líder da lista eleitoral da Juntos pela Mudança na cidade de Buenos Aires e que passará a ocupar um lugar no Congresso após governar a província que tem o mesmo nome da capital entre 2015 e 2019.

Nessas eleições, mais de 34 milhões de pessoas estavam aptas a votar para renovar metade das cadeiras no Congresso (que não tinha nenhum partido no controle da maioria) e um terço das cadeiras no Senado (dominado pela coligação governista, a Frente de Todos).

CONFORTÁVEL VITÓRIA NA CAPITAL.

Com 99,4% dos votos apurados, a lista encabeçada por María Eugenia Vidal obteve uma confortável vitória na capital, obtendo 47% da preferência do eleitorado, um ponto a menos que nas primárias de setembro, quando as três listas apresentadas pela coalizão de oposição somavam 48,1%.

A cidade de Buenos Aires, principal baluarte da oposição ao peronismo, é governada desde 2015 por Horacio Rodríguez Larreta, um dos principais líderes da Juntos pela Mudança e um potencial candidato nas eleições presidenciais de 2023.

“Este resultado é um reconhecimento da transformação que temos feito juntos há muitos anos na cidade e que Mauricio (Macri) começou”, disse o chefe do governo de Buenos Aires e principal articulador da campanha de María Eugenia Vidal no diretório central da coalizão opositora.

Durante seu discurso, a deputada recém-eleita destacou as prioridades da Juntos pela Mudança na Câmara: educação, emprego e segurança, questões sobre as quais ela trabalhará com muita “humildade” e “firmeza”.

“Em meio a um momento muito difícil, viemos para trazer serenidade, senso comum, sensatez. Um lugar seguro no Congresso, um bloco sólido, uma equipe de deputados e senadores que têm experiência, que passaram por crises e que aprenderam”, disse Vidal em meio a aplausos de simpatizantes.

VITÓRIA APERTADA NAS PROVÍNCIAS.

A mãe de todas as batalhas nas urnas foi travada na província de Buenos Aires, maior distrito eleitoral do país e feudo peronista por excelência, onde 35 dos 127 novos membros da Câmara de Deputados serão definidos.

A lista de candidatos da Juntos pela Mudança para este distrito, liderada por Diego Santilli (PRO) e Facundo Manes (União Cívica Radical), recebeu o maior apoio, com 39,8% dos votos e uma pequena vantagem sobre a lista da Frente de Todos (38,5%), de acordo com os números correspondentes a 97,2% da apuração.

Estes resultados são muito mais apertados do que os obtidos nas primárias de setembro, quando as duas listas de Santilli e Manes receberam 37,9% dos votos, contra 33,6% da lista única da Frente de Todos.

“Temos que avançar em direção à produção, porque produção significa mais educação, mais trabalho, gerar nossos próprios produtos e exportar o que fazemos, a fim de ter uma província diferente e um país diferente. É isso que temos que construir”, disse Santilli na sede da Juntos pela Mudança em La Plata.

EXPECTATIVAS PARA 2023.

Diante de resultados provisórios que, se confirmados, significariam a perda da própria maioria do peronismo no Senado, o ex-presidente Mauricio Macri destacou que a Argentina está enfrentando o “fim de uma era” e de uma “cultura obscura e perversa de poder” que poderia terminar, definitivamente, nas eleições presidenciais de 2023.

“Temos uma transição até 2023 que temos que acompanhar e administrar juntos, porque estamos diante de um governo que não tem nenhum plano e nenhuma direção”, declarou o ex-presidente e líder da Juntos pela Mudança ao canal de televisão “TN”, acrescentando que a oposição ganha uma “nova oportunidade”.

“Não podemos perder esta nova oportunidade repetindo os mesmos erros do passado. O que precisamos é de um conjunto de líderes maduros e responsáveis que entendam a complexidade do que significa construir a sociedade que queremos”, complementou. EFE