Kyle Rittenhouse é absolvido por mortes durante distúrbios raciais nos EUA

Washington, 19 nov (EFE).- Um júri declarou inocente, nesta sexta-feira, o jovem Kyle Rittenhouse, acusado de matar duas pessoas em agosto do ano passado – quando ele tinha 17 anos – durante os distúrbios raciais em Wisconsin, nos Estados Unidos.

Após três dias e meio de deliberações, o júri considerou o réu inocente de todas as cinco acusações, incluindo homicídio em primeiro grau e tentativa de homicídio em primeiro grau.

Os doze membros do júri absolveram o jovem por unanimidade após um julgamento de duas semanas no Tribunal do Condado de Kenosha, em Wisconsin.

Durante o julgamento, o próprio Rittenhouse, bastante emocionado, se defendeu dizendo que naquela noite fatídica em Kenosha ele agiu em legítima defesa quando atirou em três manifestantes, dois dos quais foram mortos.

A promotoria tentou mostrar que as ações de Rittenhouse constituíram um homicídio e caracterizou o jovem como um “vigilante adolescente” que viajou de Illinois a Kenosha com um rifle semiautomático AR-15 para se juntar a outras pessoas armadas que eram vistos como guardiões de empresas locais.

O episódio ocorreu durante o caos desencadeado em Kenosha, depois que um policial atirou nas costas do afro-americano Jacob Blake, o deixando paraplégico.

O incidente gerou uma onda de protestos contra a brutalidade policial com a comunidade negra e, dois dias depois, em 25 de agosto, Rittenhouse matou dois manifestantes na mesma cidade e feriu um terceiro.

O jovem abriu fogo em meio a confrontos entre grupos de civis armados e manifestantes do movimento “Black Lives Matter”.

O então presidente Donald Trump defendeu Rittenhouse, um apoiador do antigo mandatário, e se recusou a se encontrar com a família de Blake.

O caso contra o jovem causou grandes divisões na sociedade americana e instigou um debate nacional sobre se os cidadãos fazem justiça com as próprias mãos, o direito de portar armas e a definição de legítima defesa.

Após o fato, Rittenhouse, nascido na zona rural de Illinois, tornou-se um símbolo do trumpismo, pois muitos o veem como um jovem íntegro que veio a Kenosha para pacificar a área e fornecer ajuda médica, em resposta a protestos raciais, que por vezes se transformaram em motins, em várias cidades dos EUA em 2020.

Após a absolvição do jovem, há receios de que novos distúrbios ocorram em Kenosha, onde o governador de Wisconsin, Tony Evers, ativou nesta semana 500 membros da Guarda Nacional – um corpo de reserva – em caso de agitações. EFE

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