ONU pede que China liberte jornalista presa em estado de saúde grave

Genebra, 19 nov (EFE).- O Escritório das Nações Unidas para os Direitos Humanos expressou nesta sexta-feira preocupação com o estado de saúde da jornalista chinesa Zhang Zhan, que está detido por mais de um ano após relatar os primeiros meses da pandemia da covid-19 na cidade de Wuhan, e pediu por sua “libertação imediata”.

“Pedimos às autoridades chinesas que considerem a libertação imediata e incondicional de Zhang, mesmo por razões humanitárias, e que lhes prestem cuidados médicos para salvar sua vida, respeitando sua dignidade”, disse a porta-voz do Escritório Marta Hurtado em um comunicado.

Zhang, premiada ontem pelo Repórteres Sem Fronteiras e que está atualmente em greve de fome para protestar contra sua prisão, foi condenada a quatro anos de prisão em dezembro de 2020 por “provocar distúrbios e criar problemas”, crime frequentemente aplicado a dissidentes e críticos do regime chinês.

A jornalista foi presa em 14 de maio de 2020, um dia após a publicação de um vídeo em que acusava as autoridades de Wuhan de negligência ao tomar medidas para conter o coronavírus causador da covid-19, cujos primeiros casos foram registrados no final de 2019 nesta cidade da região central da China.

Entre fevereiro e maio de 2020, Marta Hurtado lembrou que hoje, a jornalista e antiga advogada de direitos humanos documentou a resposta inicial das autoridades aos primeiros surtos de covid-19, filmando e publicando vídeos sobre a situação da população local.

Desde sua prisão, o Escritório das Nações Unidas para os Direitos Humanos, liderado pela alta comissária Michelle Bachelet, “manifestou sua preocupação tanto pública como bilateralmente, às autoridades chinesas, buscando esclarecimentos sobre o processo penal movido contra ela”, lembrou a porta-voz.

Zhang Zhan vem realizando várias greves de fome durante o último ano, como resultado foi alimentada à força e “sua saúde se deteriorou seriamente”, explicou Hurtado.

A porta-voz reiterou o apelo do Escritório das ONU a todos os Estados para que qualquer medida relacionada à liberdade de expressão e de imprensa em resposta à pandemia só sejam tomadas se forem estritamente necessárias, de forma proporcional e não discriminatória.

Zhang já havia trabalhado como advogada, embora sua licença tenha sido suspensa por seu ativismo, e ela já havia sido presa por apoiar protestos em Hong Kong. EFE

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