Reino Unido: Rishi Sunak lidera disputa para se tornar premiê

O ex-secretário do Tesouro britânico Rishi Sunak alcançou nesta sexta-feira, 21, o apoio mínimo de 100 parlamentares conservadores para se tornar candidato ao cargo de primeiro-ministro do Reino Unido e substituir Liz Truss, disseram seus aliados

O ex-secretário do Tesouro britânico Rishi Sunak alcançou nesta sexta-feira, 21, o apoio mínimo de 100 parlamentares conservadores para se tornar candidato ao cargo de primeiro-ministro do Reino Unido e substituir Liz Truss, disseram seus aliados. Com isso, Sunak lidera a disputa pelo apoio dos colegas para assumir o cargo na semana que vem. O ex-primeiro-ministro Boris Johnson, outro cotado, retornou às pressas da República Dominicana para Londres para a disputa.

Apesar do apoio, nem Sunak nem Jonhson declararam a candidatura formalmente. Segundo a imprensa britânica, Sunak tem apoio de 93 dos 347 deputados do partido, embora seus aliados já deem como certo que esse número passa de 100 – o mínimo exigido para entrar na disputa do partido. Johnson, que renunciou ao cargo em julho e foi substituído por Truss, tem cerca de 44 apoiadores. A presidente da Câmara Penny Mordaunt tem 21 apoios e já declarou oficialmente a candidatura.

Caso apenas Sunak supere o limite de 100 endossos, o partido deve aclamá-lo como premiê na próxima semana. Se Johnson ou Mordaunt também passarem desse número e não desistirem da disputa oficialmente, uma consulta será feita com os 170 mil filiados aos tories com os três nomes.

Os conservadores trabalham para que a disputa seja curta para evitar o alargamento da crise política do Reino Unido, já que a renúncia de Liz Truss se deu apenas 44 dias após ela assumir o cargo, depois de uma eleição interna justamente contra Sunak e Mordaunt. Por isso, com o apoio mínimo garantido há três dias da consulta aos parlamentares, Sunak se torna o favorito na disputa

Segundo a imprensa britânica, os partidários o veem como o nome capaz de restaurar a estabilidade britânica com o mercado após a crise precoce iniciada por Liz Truss ao anunciar corte de impostos e aumento de gastos públicos no seu primeiro mês no cargo, que a levou à renúncia.

Na disputa em que perdeu contra Truss, para substituir Boris Johnson, o ex-secretário do Tesouro já havia aparecido como favorito. Ele terminou a eleição em segundo, seguido de Mordaunt

Sunak, visto como um ex-secretário do Tesouro experiente, pode tranquilizar os mercados financeiros o suficiente para obter um governo com mais margem política para elaborar um novo plano orçamentário. Entretanto, pesa contra ele o fato de ter sido prejudicado por sua associação com os gastos da era da covid-19, aumentos de impostos e crise do custo de vida no Reino Unido, bem como sua participação na queda de Johnson, uma expulsão que muitos membros do partido dizem se arrependem.

Além disso, dois escândalos este ano mancharam a reputação do britânico. Primeiro, descobriu-se que sua esposa reivindicou um status fiscal que lhe permitia evitar o pagamento de impostos sobre parte de sua renda. Depois foi revelado que o Sunak continuou a ter um green card, permitindo que ele vivesse e trabalhasse nos Estados Unidos por meses depois de se tornar secretário.

Já Penny Mordaunt é vista como uma política carismática e sincera, com boa capacidade de diálogo para liderar um partido fraturado. Ela foi secretária de defesa por dois meses e meio em 2019 e ocupou um cargo menor no gabinete responsável pelo desenvolvimento internacional. Entretanto, é um nome visto com pouca experiência econômica, no momento em que o Reino Unido se esforça para encontrar a estabilidade e manter a credibilidade.

Boris Johnson apareceu nos últimos dias como um possível candidato, com pesquisas mostrando que ele tem uma grande preferência dos membros do partido. O YouGov questionou na última terça-feira, 18, aos membros conservadores se defendiam uma renúncia de Truss. Além de 35% apoiar a sua renúncia, 63% achava que Johnson seria um bom substituto, com 32% colocando-o como seu principal candidato, seguido por Sunak com 23%.

Especialistas ouvidos pela BBC alertaram que se o partido optar por Johnson, pode se encontrar preso na mesma armadilha que provocou a renúncia em julho, já que ainda há uma investigação parlamentar sobre se o premiê deliberadamente enganou o Parlamento sobre as festas em Downing Street.

Tendo conquistado uma vitória eleitoral esmagadora em 2019, Johnson poderia alegar que tinha um mandato para liderar o país sem realizar uma nova eleição geral, mas instalá-lo como primeiro-ministro novamente seria um grande risco para o Partido Conservador nas próximas eleições gerais.

(COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)