Alto Comissário do ACNUR se choca com destruição após seis dias de visita à Ucrânia

O chefe da Agência da ONU para Refugiados alerta que as necessidades humanitárias persistem no país e que o financiamento da emergência deve ser continuado e expandido.

KYIV, 30 de Janeiro de 2023 – O Alto Comissário da Agência da ONU para Refugiados, Filippo Grandi, concluiu na semana passada uma visita de seis dias à Ucrânia, a terceira desde a invasão russa, reforçando o apelo aos doadores para manter o apoio às pessoas que sofrem com os efeitos da guerra.
 

Ele viajou pelo sul e leste do país, vendo a destruição e devastação, encontrando-se com sete chefes de administração do Oblast, vários prefeitos e muitos civis afetados pela guerra em Odesa, Mykolaiv, Zaporizhzhia, Dnipro, Kharkiv e Kyiv. Ele também foi recebido pelo presidente Zelenskyy, vice-primeiro-ministro Oleksandr Kubrakov e ministro das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba.
 

“Fiquei chocado com o nível de destruição que vi como resultado dos mísseis e bombardeios russos”, disse Grandi ao final de sua visita. “A infraestrutura civil, como usinas de energia, sistemas de água, jardins de infância e prédios de apartamentos foram danificados ou destruídos. Civis, incluindo crianças e idosos, foram mortos ou fugiram de suas casas, tendo suas vidas inteiras arrancadas por esses ataques sem sentido.”
 

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Graças à sua rede de parceiros ucranianos — especialmente ONGs locais e organizações de base comunitária — e sob a liderança e orientação do governo ucraniano, o ACNUR ampliou substancialmente sua resposta no país desde fevereiro do ano passado, como parte da resposta interagencial sob a responsabilidade da Coordenadora Humanitária da ONU.
 

A resposta inclui a expansão das operações nas áreas de difícil acesso no leste e sul do país, entrega de assistência financeira a civis afetados pela guerra, fornecimento de kits de reparo de abrigos para aqueles com casas danificadas, realização de reparos em moradias, e apoio jurídico e aconselhamento psicológico para aqueles que sofrem o trauma da guerra. Mais de 4,3 milhões de pessoas ucranianas receberam apoio do ACNUR por meio desses e de outros serviços e assistência desde o início da invasão.
 

O ACNUR também contribuiu para a rede de “Pontos de Invencibilidade” do governo — abrigos públicos equipados com geradores, aquecedores e Wi-Fi para que as pessoas possam se proteger do pior das temperaturas congelantes do inverno, carregar as baterias de seus equipamentos e ter luz e conectividade para trabalhar e estudar.
 

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Grandi também testemunhou autoridades e cidadãos ucranianos consertando e reconstruindo a infraestrutura danificada. “Embora os edifícios tenham sido destruídos, o espírito do povo ucraniano permanece intacto”, acrescentou. “Estou tão inspirado por sua força e resiliência. Cabe a todos nós — a comunidade internacional — apoiá-los enquanto embarcam na recuperação. Apelo aos Estados, instituições financeiras internacionais e outros para que contribuam para esta tarefa — e rapidamente”.
 

Para facilitar a coordenação, o Ministério das Comunidades, Territórios e Desenvolvimento de Infraestrutura, com o ACNUR, lançou “Ucrânia é Lar” — uma plataforma digital para combinar oferta e demanda de assistência com reparos e reconstrução de moradias. O objetivo é fornecer um sistema transparente e eficiente para ajuda humanitária, recuperação, desenvolvimento, setor privado e outros parceiros para reunir fundos e apoio material para ajudar as pessoas, incluindo refugiados e deslocados internos, a consertar suas casas danificadas para que possam voltar aos seus lares.
 

Embora tudo isso seja necessário, Grandi também alertou que as necessidades humanitárias persistem, especialmente nas regiões de linha de frente do país. O financiamento humanitário deve, portanto, ser continuado e expandido. Isso é fundamental para estabilizar as populações e permitir que as pessoas afetadas pela guerra contribuam para a recuperação de seu país e da economia.
 

Os apelos da ONU para dentro da Ucrânia e para a resposta aos refugiados ucranianos serão lançados em Genebra no dia 15 de fevereiro. Grandi acrescentou: “Os doadores — governos, empresas e particulares — foram incrivelmente generosos no ano passado. Isso deve ser sustentado se quisermos fornecer às pessoas o apoio de que precisam urgentemente hoje e no próximo ano. Espero que todos os nossos doadores continuem a permitir a resposta a essas necessidades humanitárias.”
 

Grandi também confirmou que o ACNUR concordou em cooperar com o Ministério das Relações Exteriores e outros parceiros na capacitação da infraestrutura consular ucraniana, para melhor proteger e ajudar os ucranianos fora do país, incluindo aqueles que planejam voltar para casa.
 

O ACNUR também discutiu com as autoridades a situação das crianças ucranianas desacompanhadas e separadas na Federação Russa. Grandi disse que o ACNUR, com outros parceiros internacionais, buscará mais acesso a elas e defenderá soluções em seu melhor interesse, principalmente a reunificação familiar. Ele também reiterou que, em uma situação de conflito, dar nacionalidade e abrir caminhos para a adoção formal de crianças viola as normas e práticas internacionais.
 

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