França tem mais protestos e greve após Macron aumentar idade de aposentadoria

Com união de diferentes sindicatos, país tem voos cancelados na capital e operação de trens reduzida

Os franceses foram às ruas nesta quinta-feira (23) para protestar contra o aumento da idade de aposentadoria do país de 62 para 64 anos. Desde o início da tramitação do projeto no legislativo francês, os trabalhadores se mobilizam em greves e passeatas, mas a crise explodiu após o presidente Emmanuel Macron usar um dispositivo da Constituição para aprovar a reforma sem votação na Assembleia Nacional.

Metade das viagens de trens de alta velocidade do país foram canceladas e 30% dos voos no aeroporto da capital francesa não decolaram, de acordo com informações publicadas pelo Le Monde. Em entrevista publicada pelo Brasil de Fato na quarta-feira (22), professora na Universidade Sorbonne Paris Nord, Silvia Capanema, afirmou que existe uma unidade sindical incomum no país para enfrentar a crise.

Macron utilizou o artigo 49.3 da Constituição francesa, que permite que o Executivo aprove um projeto de lei sem que ele passe pela Assembleia Nacional. A idade mínima para aposentadoria foi aumentada, assim como o tempo de contribuição necessário de 42 anos para 43 anos.

A popularidade do presidente atingiu seu menor índice desde a eclosão do movimento dos Coletes Amarelos, em 2018. A taxa de aprovação de Macron está em 28%, uma queda de quatro pontos percentuais na comparação com o mês passado, de acordo com pesquisa da Ifop publicada pelo Le Journal du Dimanche. 76% dos jovens de 18 a 24 anos e 82% dos trabalhadores rejeitam o presidente

O ministro do Interior da França, Gérald Darmanin, afirmou que 12 mil policiais estão mobilizados nesta quinta, 5 mil deles em Paris. Já o Ministério da Transição Energética destacou que as reservas de combustível na capital estão “criticas”.

“Não é uma multidão que está se manifestando, é um povo. Não é um povo, são os franceses. A raiva é real. Estamos saindo da covid. Há inflação e a crise no setor de saúde não foi resolvida. Simplesmente não é hora de colocar essa reforma na mesa”, afirmou a manifestante Isabelle, de 42 anos, para o Le Monde.

Edição: Rodrigo Durão Coelho