Em reunião com presidente da Indonésia, Lula ressalta importância de proteger as florestas tropicais do planeta

Na terceira reunião bilateral na cúpula do G7, no Japão, presidente do Brasil falou sobre meio ambiente e a necessidade de uma parceria mais profunda com o país asiático

Luiz Inácio Lula da Silva teve, na manhã deste sábado, 20/5 (noite de sexta no horário de Brasília), sua terceira reunião bilateral durante a programação da cúpula estendida do G7, em Hiroshima, no Japão. Ele conversou por cerca de meia hora com o presidente da Indonésia, Joko Widodo.

A preservação do meio ambiente foi um dos principais tópicos do encontro. A Indonésia é um dos países com amplas áreas de florestas tropicais conservadas – cerca de 98 milhões de hectares – que o presidente do Brasil quer juntar em um grupo internacional para proteção de biomas, juntamente com a República Democrática do Congo e as nações amazônicas.

Lula e Widodo também concordaram em relação à guerra entre Rússia e Ucrânia. O presidente indonésio disse ter a mesma posição do Brasil ao afirmar que o mundo precisa de paz e que esteve no passado tanto com o presidente russo, Vladimir Putin, quanto com o ucraniano, Volodymyr Zelensky, para discutir o problema da segurança alimentar global com os dois países, grandes exportadores de grãos.

Por sua vez, Lula convidou o colega a visitar o Brasil e disse que países com grandes populações, como Brasil e Indonésia, têm que se aproximar. A população indonésia é a quarta maior do mundo, com cerca de 280 milhões de habitantes. Widodo afirmou ter interesse em aumentar as importações de produtos brasileiros, especialmente proteína animal.

RELAÇÕES BILATERAIS — Em 2023, Brasil e Indonésia comemoram 70 anos de relações diplomáticas, estabelecidas em 1953. Em 2008, durante o segundo mandato de Lula, os dois países assinaram uma parceria estratégica que levou a acordos em áreas como agricultura, sistemas bancários, educação, energia e mineração, erradicação da pobreza, comércio e investimentos.

Em 2007, a Indonésia criou o Programa Keluarga Harapan (“Família Esperança”, em indonésio), um programa de transferência de renda em um modelo semelhante ao Bolsa Família do Brasil, que ajudou o governo local a dar assistência a 10 milhões de famílias na extrema pobreza.

Brasil e Indonésia mantêm um acordo de cooperação na área da Defesa, que fez do país asiático um dos maiores compradores no mundo do avião Super Tucano, da Embraer.

BALANÇA COMERCIAL — As exportações brasileiras para a Indonésia somaram quase US$ 3,1 bilhões em 2022, um aumento de 51,4% em relação ao ano anterior. Já as importações de produtos indonésios foram da ordem de US$ 1,8 bilhão. Com isso, o volume de comércio entre os dois países foi de pouco menos de US$ 5 bilhões.

Os produtos brasileiros mais exportados para o país asiático foram farelo de soja (50% do total), açúcar (16%), algodão (8,6%) e trigo (6,1%). Em contrapartida, o Brasil importou da Indonésia principalmente óleo vegetal (32%), borracha (8,2%), aço laminado (5,1%) e tecidos (4,4%).

Na área econômica, destacam-se investimento brasileiro em mineração na Indonésia e investimentos indonésios no Brasil nos setores sucroalcooleiro, de papel e celulose, tabaco e têxteis.