Tbilisi – A Geórgia enfrenta uma segunda semana de protestos em massa contra a decisão do governo de suspender as negociações de adesão à União Europeia (UE).
A polícia tem usado gás lacrimogêneo e canhões de água para dispersar os manifestantes, enquanto denúncias de violência contra jornalistas e opositores aumentam. Mais de 300 pessoas foram detidas, e 100 ficaram feridas durante os confrontos.
O jornalista Guram Rogava, que cobria os protestos, sofreu agressões enquanto transmitia ao vivo. “Estava claro que jornalistas eram alvos deliberados”, afirmou ele, acusando a polícia de ataques intencionais. Os manifestantes, liderados por jovens como Tamar Akhvlediami, insistem em laços mais fortes com a UE e rejeitam influência russa.
Violência nas ruas e repressão policial
Confrontos entre manifestantes e a polícia tornaram-se frequentes. Barricadas e fogos de artifício surgiram nas principais avenidas de Tbilisi, enquanto cápsulas de gás lacrimogêneo feriram gravemente um manifestante, Aleksi Tirqia, de 22 anos. Ele permanece em coma induzido.
Além disso, o partido governista Sonho Georgiano enfrenta acusações de manipulação eleitoral. As eleições de outubro, descritas como um “referendo” sobre as aspirações da Geórgia à UE, foram marcadas por denúncias de violência e suborno, segundo observadores internacionais.
Críticas à postura governamental
A presidente pró-Ocidente Salome Zourabichvili condenou a repressão e pediu intervenção internacional. Apesar de ter um papel cerimonial, ela busca apoio da UE e dos EUA para pressionar o governo. “O país está sendo levado ao precipício!”, declarou.
O governo justificou a suspensão das negociações com a UE até 2028 como resposta à pressão europeia por reformas democráticas. Contudo, opositores acusam o Sonho Georgiano de alinhar-se cada vez mais a políticas autoritárias semelhantes às da Rússia.
Contexto internacional e reação europeia
A Geórgia obteve status de candidata à UE em 2023, mas viu o processo interrompido após a aprovação de uma controversa lei de “influência estrangeira”. Legisladores europeus criticaram a medida como um ataque à democracia. Para muitos, o adiamento é mais um reflexo do distanciamento do país das diretrizes europeias.
Enquanto isso, protestos se intensificam em outras cidades do país, indicando insatisfação generalizada com o governo e suas políticas.
Entenda o caso: tensão na Geórgia e a adesão à UE
- Suspensão das negociações: O governo georgiano adiou as conversas com a UE até 2028, citando críticas europeias às eleições.
- Protestos crescentes: Manifestantes exigem mais laços com a UE e menos influência russa.
- Violência policial: Repressão inclui gás lacrimogêneo, canhões de água e ataques a jornalistas.
- Eleições polêmicas: Relatórios indicam manipulação eleitoral, gerando desconfiança interna e externa.
- Posição europeia: Bruxelas exige reformas democráticas para avançar com a adesão do país.