Davos – A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, declarou nesta terça-feira que a União Europeia (UE) adotará uma postura “pragmática” diante da nova administração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sem abrir mão de proteger seus interesses estratégicos. A fala ocorreu durante o Fórum Econômico Mundial, na Suíça, onde von der Leyen abordou questões comerciais e desafios globais.
Em meio a preocupações sobre possíveis tarifas e alterações na ajuda à Ucrânia, Von der Leyen enfatizou a importância de manter o diálogo com os EUA. “Nossa prioridade é estabelecer contato e negociar interesses comuns. Contudo, estaremos prontos para defender nossos valores e interesses sempre que necessário”, afirmou.
Relacionamento transatlântico e economia integrada
A presidente destacou a forte interdependência econômica entre a UE e os EUA. Com setores como tecnologia, serviços digitais e indústrias químicas profundamente conectados, von der Leyen vê espaço para cooperação em vez de confronto. “Nenhuma economia no mundo está tão integrada quanto a nossa”, afirmou.
No entanto, ela também lembrou que a UE está preparada para responder a possíveis medidas adversas, utilizando ferramentas como tarifas e cotas comerciais.
Apoio contínuo à Ucrânia
A União Europeia reafirmou seu compromisso em apoiar a Ucrânia, mesmo diante de uma possível redução no apoio norte-americano. Von der Leyen defendeu a soberania do país, ressaltando que “a decisão sobre o território deve ser da própria Ucrânia”.
Retomada de atividades após pausa por questões de saúde
Após uma pneumonia que a afastou temporariamente do cargo no início de janeiro, von der Leyen usou seu retorno para reafirmar liderança em um momento delicado para a Europa. Durante o discurso, ela reiterou o compromisso da UE com o Acordo de Paris, contrariando a política nacionalista de Trump. “O Acordo de Paris é a melhor esperança da humanidade”, disse.
Desafios globais e mudanças estratégicas
Von der Leyen alertou sobre a crescente competição geoestratégica, mencionando áreas como tecnologia, recursos naturais e rotas comerciais. Ela descreveu um “mundo de competição dura”, no qual economias disputam avanços em inteligência artificial, tecnologia limpa e espaço.
A presidente destacou que o crescimento econômico europeu precisa de ajustes urgentes, incluindo a redução de custos energéticos, menos burocracia para pequenas empresas e investimentos no mercado único. A Comissão também buscará novos acordos comerciais, incluindo um foco em estreitar laços com a Índia.
Relações com a China
A relação da UE com a China também esteve em pauta. Von der Leyen mencionou práticas comerciais desleais de Pequim e reafirmou que a Europa responderá a essas ações quando necessário. No entanto, ela também demonstrou abertura para cooperação econômica. “Vamos trabalhar construtivamente sempre que possível”, afirmou.
Entenda os desafios entre UE e EUA sob Trump
- Postura pragmática da UE: Adaptação estratégica para lidar com mudanças na política norte-americana.
- Impactos econômicos: Aumento de tarifas e ameaças ao comércio global.
- Apoio à Ucrânia: Compromisso europeu com a soberania ucraniana.
- Questões climáticas: Defesa do Acordo de Paris contra retrocessos dos EUA.
- Mudanças globais: Competição por tecnologia e recursos estratégicos.