Montevidéu – A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, intensificou os esforços para concluir o aguardado acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, bloco formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
A declaração ocorreu em meio às negociações na capital uruguaia, destacando a criação de um mercado de 700 milhões de pessoas.
No entanto, a iniciativa enfrenta forte resistência da França, que critica a abertura de mercado para produtos agrícolas, como carne bovina e aves, devido às diferenças em normas ambientais e sociais.
Apesar disso, outros 11 Estados-Membros da UE enviaram uma carta em setembro pressionando pela aceleração do processo.
Apoio ao acordo destaca benefícios econômicos
Defensores do acordo, como o eurodeputado Jörgen Warborn (PPE, Suécia), acreditam que o pacto criará um mercado robusto, beneficiando consumidores e reduzindo custos. Warborn apontou que os consumidores europeus terão acesso a mais opções e preços competitivos, enquanto os agricultores da UE poderão explorar novos mercados.
Ele reconheceu, no entanto, que produtos sensíveis terão contingentes tarifários e compensações serão previstas para minimizar impactos negativos.
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Críticas focam impacto social e ambiental
Por outro lado, eurodeputados críticos, como Saskia Bricmont (Verdes/ALE, Bélgica), destacam que o acordo não impõe as mesmas exigências ambientais e sociais aos produtos importados. Isso, segundo ela, cria competição desleal, afetando diretamente agricultores europeus já pressionados.
Além disso, Bricmont afirmou que o mandato do acordo ignora questões climáticas atuais, permitindo práticas que contribuem para a desflorestação e prejudicam a biodiversidade.
Debate sobre impacto climático
Warborn enfatizou que o acordo reforça o compromisso com o Acordo de Paris, incluindo um capítulo sobre sustentabilidade e biodiversidade. Ele afirmou que, sem o pacto, seria mais difícil influenciar práticas ambientais nos países do Mercosul.
Bricmont, no entanto, discorda. Para ela, a falta de atualizações no texto do acordo ignora avanços necessários para enfrentar crises climáticas e ambientais, o que pode agravar problemas como desmatamento na América Latina.
Entenda os desafios do acordo UE-Mercosul
- Benefícios econômicos: mercado ampliado para 700 milhões de consumidores e acesso a produtos mais variados.
- Impacto nos agricultores: aumento da competição com produtos importados, algumas vezes sem as mesmas normas ambientais.
- Questões climáticas: críticas sobre desmatamento e ausência de adaptações ao Acordo de Paris.
- Pressão política: França lidera oposição, enquanto outros Estados-Membros defendem celeridade.