Seul – A tentativa de impeachment contra o presidente sul-coreano Yoon Suk Yeol fracassou nesta quarta-feira, 6 de dezembro, depois que a maioria dos legisladores do Partido do Poder Popular (PPP), grupo conservador que apoia o governo, boicotou a votação.
A moção de destituição, apresentada pela oposição, precisava do apoio de 200 dos 300 parlamentares da Assembleia Nacional para ser aprovada.
No entanto, apenas três deputados do PPP participaram do processo. Sem o número mínimo de votos, a proposta foi rejeitada antes mesmo de ser contabilizada.
A decisão ocorre em meio a intensos protestos e críticas crescentes à gestão de Yoon, especialmente por sua tentativa controversa de impor a lei marcial no início da semana.
Críticas à lei marcial e reação popular
O presidente Yoon Suk Yeol anunciou a lei marcial na última terça-feira, justificando a medida como uma resposta às chamadas “forças anti-estatais”. Ele acusou o Partido Democrático, principal grupo de oposição, de ter vínculos com a Coreia do Norte. A ordem foi revertida após apenas seis horas, depois que 190 deputados invadiram o parlamento para votar contra o decreto.
A oposição classificou a ação como inconstitucional e a definiu como uma tentativa de golpe. A declaração de lei marcial gerou críticas até mesmo dentro do PPP, onde membros chamaram o presidente de “perigo para a população”.
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Discurso de desculpas e promessas
Horas antes da votação, Yoon dirigiu-se à nação em um discurso transmitido pela televisão. Ele se desculpou pelo decreto de lei marcial, afirmando estar “muito arrependido” e disposto a enfrentar as consequências legais.
“Não tentarei fugir à responsabilidade pela decisão que tomei, ainda que tenha partido do desespero”, disse Yoon. Ele também garantiu que não emitirá novas ordens semelhantes e pediu ao seu partido que tome as medidas necessárias para estabilizar a crise política.
Divisão no cenário político
A Assembleia Nacional da Coreia do Sul é composta por 300 membros, sendo 192 da oposição, número insuficiente para aprovar o impeachment sem apoio de parte do PPP. Apesar das críticas internas, o partido governista optou por proteger Yoon, temendo a possibilidade de perder o controle da presidência para os liberais em caso de destituição.
Os protestos contra o governo continuam intensos. Manifestantes se reuniram em frente à sede do PPP em Seul, exigindo a renúncia de Yoon e denunciando a tentativa de lei marcial como um ataque à democracia.
Entenda a crise política na Coreia do Sul
- Lei marcial de Yoon: Anunciada como medida contra “forças anti-estatais”, foi revogada após forte oposição.
- Proposta de impeachment: Necessitava de dois terços dos votos no parlamento, mas fracassou com o boicote governista.
- Críticas internas e externas: Até membros do partido de Yoon questionaram sua liderança.
- Protestos populares: Aumentam a pressão por renúncia e reformas democráticas.