No embalo do Olodum, Hebert Conceição garante mais uma medalha para o Brasil no boxe

Lutador venceu cazaque nas quartas de final e agora encara o russo Gleb Bakshin por uma vaga na disputa do ouro. O bronze, no mínimo, já está certo

“Nobre guerreiro, negro de alma leve/Nobre guerreiro, negro lutador”: a letra da música Madiba, do Olodum, foi escrita em homenagem a Nelson Mandela, mas serve perfeitamente como trilha sonora para outros lutadores: os do boxe.

Celeiro de grandes talentos, a Bahia acaba de colocar mais um nome no panteão dos nobres guerreiros medalhistas olímpicos no ringue: Hebert Willian Carvalho da Conceição Sousa. Ele se junta a Robson Conceição, campeão olímpico no Rio 2016, nascido em Salvador, assim como Adriana Araújo, primeira mulher a conquistar uma medalha olímpica na modalidade com o bronze em Londres 2012.

Fotos: Breno Barros/rededoesporte.gov.br

“Tenho que manter o foco porque ainda faltam duas lutas, tem uma batalha pela frente, e agora é focar para poder mudar a cor da medalha”

Herbert Conceição, boxeador e medalhista olímpico

Também nascido na capital baiana, Hebert ainda não tem sua medalha. Mas já pode dizer, aos 23 anos, que é medalhista olímpico. Neste domingo (01.08), ele venceu Abilkhan Amankul, do Cazaquistão, e avançou para as semifinais dos pesos médios do boxe nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Com isso, já garantiu pelo menos a medalha de bronze, já que o boxe não tem definição de terceiro lugar e os dois lutadores que perdem nas semifinais vão ao pódio.

“É uma sensação incrível, eu escrevi meu nome na história do esporte brasileiro como medalhista olímpico. Eu sempre sonhei com esse momento desde quando eu iniciei no esporte e eu fico muito feliz. Só tenho a agradecer a todas as pessoas que fizeram parte disso desde o início”, comemorou o baiano.

Para entrar na Kokugikan Arena, na capital japonesa, Hebert escolheu justamente o gingado do Olodum. E foi no embalo do axé que o lutador subiu no ringue rumo à vitória.

Mas o que é que a Bahia tem para formar tantos bons lutadores?  “Acho que a Bahia tem um dendê. Baiano tem dendê no sangue”, brincou Hebert. “O boxe é uma modalidade muito tradicional e popular em Salvador. Então, os moleques já começam no gingado ali desde criança e os projetos sociais que existem na cidade conseguem formar grandes campeões, como foi o meu caso”, lembrou o boxeador, que começou no projeto Campeões da Vida.

Investimento federalHistoricamente, o Brasil conta com cinco medalhas conquistadas em Jogos Olímpicos no boxe: um ouro, uma prata e três bronzes. O título foi conquistado por Robson Conceição, na categoria até 60kg, nos Jogos Rio 2016, no Rio de Janeiro.

A modalidade recebeu repasse direto via Bolsa Atleta do Governo Federal de R$ 6 milhões no ciclo Rio-Tóquio, investimento que se reverteu na concessão de 431 bolsas. Seis dos sete integrantes da equipe brasileira no Japão são atualmente contemplados, mas os sete já receberam os recursos do programa durante o ciclo.

Com o bronze já garantido, Hebert quer mais. “Eu estou preparado para lutar contra quem vier. Eu vou focar na estratégia junto com minha equipe, a mais correta para poder enfrentá-lo, seja quem for, e eu espero poder executar com maestria no ringue para obter mais um triunfo”, disse Hebert, antes mesmo de saber que o próximo adversário é o russo Gleb Bakshi.

A luta está marcada para a próxima quinta-feira (05.08), às 3h18 (de Brasília). Quem vencer disputa o ouro. “Tenho que manter o foco porque ainda faltam duas lutas, tem uma batalha pela frente, e agora é focar para poder mudar a cor da medalha”, encerrou o baiano Hebert, que é beneficiado pelo Programa Bolsa Atleta do Governo Federal.

Mateus Baeta, de Tóquio, no Japão – rededoesporte.gov.br