Custo Unitário Básico da construção em São Paulo em 2022 tem alta de 9,12%

O percentual refere-se ao percentual global, incluindo custo de mão de obra, de administrativo. No mês de dezembro o CUB em São Paulo teve aumento de 0,17% em relação ao mês anterior. O aumento do custo abrange outros estados brasileiros e se refletem na construção de casas de alto padrão, como informa especialista na área de engenharia civil

O Custo Unitário Básico da Construção (CUB) em São Paulo teve aumento de 9,12% em 2022, segundo o boletim econômico do Sindicato da Construção Civil (SindusCon) do estado, em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV). O percentual refere-se ao custo global, incluindo mão de obra, materiais e parte administrativa.  Apenas no mês de dezembro passado, o CUB no estado teve aumento de 0,17%, chegando a R$ 1.913,72 o valor por metro quadrado para construções multifamiliares (R-8) dentro do padrão normal.

No estado, em relação às construções de alto padrão, observa-se um aumento do CUB a partir do aparecimento da Covid-19, no mês de dezembro de 2019 e que, no Brasil, se agravou a partir de março de 2020. Segundo o SindusCon/SP, em dezembro de 2019, o custo para residências multifamiliares médias de alto padrão (R-8) era de R$ 1.672,90. No mesmo período de 2020, esse valor passou para 1.799,70, depois para R$ 2.074,63, chegando a R$ 2.262,72 em 2022.

Com 21 anos de experiência na área de Engenharia Civil, Leila Libório de Matos Gomes Câmara relata que o aumento CUB para construções, especialmente residências de alto padrão, se deu por conta de uma percepção de novas demandas de moradias sentidas pelas pessoas a partir da necessidade de isolamento imposta pela pandemia da Covid-19.

“A busca por casas em condomínios fechados aumentou de maneira surpreendente nos anos da pandemia. O isolamento social, as restrições de uso das áreas comuns em condomínios verticais, o aumento da necessidade de as pessoas estarem em espaços abertos e cuidarem da sua saúde mental, fez com que essa busca aumentasse nesses últimos anos”, comenta.

Com experiência em gestão de qualidade em construções, a profissional explica que essa demanda foi captada pelas empresas e projetistas do setor. “Os projetos passaram a ter espaços planejados para home office, locais para os filhos estudarem em seus quartos ou até em escritórios, inclusão de áreas verdes, e o principal: a valorização da área social da casa, principalmente as varandas gourmets ou salas integradas. Locais estes que são muito utilizados para integração da família e receber amigos”, detalha.

Custo da construção de alto padrão aumentou em todos os estados

A engenheira civil Leila Câmara destaca que o aumento do CUB foi sentido em todos os estados, como o Rio Grande do Norte, onde as construções de alto padrão tiveram um aumento do custo considerado “estável” entre 2018 e 2019, mas que foi triplicado a partir de 2020. “Com o advento da pandemia, as variações no índice do custo de construção de alto padrão triplicaram somente no primeiro ano. E no ano seguinte, a variação do índice foi maior do que cinco vezes em relação ao período anterior à pandemia”, relata.  

Ela ressalta que, por conta desse custo e das novas demandas de clientes, as construtoras terão que redobrar os cuidados do planejamento. “Cada metro quadrado de projeto a ser construído a partir dessa nova realidade deverá satisfazer não só às necessidades dos clientes, como a própria ISO 9001 solicita, mas também deve ter um projeto altamente bem racionalizado e pensado a fim de termos áreas realmente funcionais, devido ao alto custo de execução”, atesta.

Preços de imóveis residenciais novos aumentaram 15,06% em 2022, diz Associação

Outro dado que mostra como estão os custos na construção civil foi atestado pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), que realiza a pesquisa do Índice Geral de Preços do Mercado Imobiliário (IGMI-R). A análise feita em dez capitais brasileiras mostrou que a variação de acumulada de preços nos 12 meses de 2022 chegou a 15,06%. Ao comparar a acumulação de 12 meses com o novembro do mesmo ano, houve uma leve desaceleração dos preços. Naquele mês, o índice foi de 15,28%.

Segundo a Abecip, “o desempenho dos preços dos imóveis residenciais em 2022 reflete o aquecimento do mercado, que registrou ao longo do ano aumentos nos números de novos lançamentos e financiamentos nas principais capitais do país. As melhoras nas condições do mercado de trabalho, tanto em termos de emprego quanto de renda, colaboraram para esse aquecimento, ao mesmo tempo em que os aumentos das taxas básicas de juros ao longo do ano não foram acompanhados na mesma intensidade pelas taxas para financiamentos imobiliários”.

As capitais pesquisadas para a apuração do IGMI-R foram: Belo Horizonte, Goiânia, Brasília, Fortaleza, Rio de Janeiro, Porto Alegre, São Paulo, Curitiba, Recife e Salvador.