Brasília – 24 de agosto de 2025 – A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) propagou uma fake news contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao divulgar um vídeo adulterado de um discurso em Sorocaba (SP).
A manipulação retirou trechos em que Lula denunciava racismo institucional, induzindo à falsa interpretação de que o presidente teria ofendido um homem negro retratado em publicação oficial de governos anteriores.
Lula defende política pública de saúde bucal
Na última quinta-feira (21), em Sorocaba, o presidente Lula entregou 400 novas Unidades Odontológicas Móveis (UOM). Durante o discurso, destacou que a saúde bucal é direito social e deve ser tratada como política pública de Estado, não como privilégio.
Em sua fala, Lula relembrou episódio de gestões passadas: um ministro havia autorizado o uso da foto de um homem negro sem dentes em uma revista oficial. O presidente afirmou que a decisão era discriminatória e determinou que a publicação fosse anulada, qualificando o ato como racismo institucional.
Edição descontextualizada cria narrativa falsa
Um vídeo editado circulou nas redes, cortando exatamente a parte em que Lula denunciava o preconceito. A montagem deixou apenas a referência de que a imagem era “feia”, fabricando o sentido de que Lula estaria insultando o retratado. O corte deliberado alterou o significado original e se enquadra no padrão de manipulação já praticado pela extrema direita brasileira.
Damares lidera ofensiva bolsonarista
Entre os nomes que difundiram a versão adulterada está a senadora Damares Alves, figura central do bolsonarismo. Em publicação, ela classificou a fala como “absurdamente racista” e insinuou que, se fosse o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), haveria cobrança judicial imediata.
A acusação ignora o contexto integral da fala de Lula e integra a estratégia de construir uma falsa narrativa de racismo contra o presidente. Essa tática repete o modus operandi do bolsonarismo, baseado em desinformação e ataques pessoais.
STF já condenou manipulações semelhantes
Casos desse tipo já foram analisados pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Em 2022, na Ação Penal 1021, a Corte condenou um parlamentar por editar um vídeo do ex-deputado Jean Wyllys, retirando trechos originais para transformá-los em ofensa. Assim como naquele julgamento, a adulteração contra Lula pode configurar crime contra a honra.
Contexto político e ofensiva da extrema direita
A distorção da fala de Lula ocorre num momento em que a extrema direita, articulada por figuras como Eduardo Bolsonaro no exterior, busca deslegitimar o governo e desviar a atenção de investigações sobre corrupção no bolsonarismo. O episódio também reforça a aliança entre setores religiosos conservadores e interesses políticos ultraliberais, numa tentativa de manter a base mobilizada pelo ódio.
O caso mostra como a manipulação midiática e a propagação de fake news seguem sendo instrumentos centrais da extrema direita no Brasil. Ao adulterar falas e distorcer fatos, figuras como Damares Alves buscam fragilizar a democracia, mas expõem também a incapacidade de disputar com a realidade.

