A Polícia Federal revelou que a denúncia apresentada pelo deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) contra a deputada Duda Salabert (PDT-MG) nasceu de informações fornecidas por um grupo criminoso da mineração.
O inquérito faz parte da Operação Rejeito, que investiga fraudes em autorizações para exploração mineral em Minas Gerais.
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Segundo as investigações, mensagens interceptadas mostram conversas entre integrantes do grupo de João Alberto Lages, ex-deputado estadual e apontado como líder do esquema, e Gilberto Horta de Carvalho, lobista próximo de Nikolas.
Nas trocas, Duda aparece como alvo por sua resistência à mineração predatória na Serra do Curral.
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Acusação contra Duda foi articulada por investigados
Em novembro de 2024, Nikolas levou à PF uma denúncia de suposta irregularidade eleitoral envolvendo recursos da campanha de Duda à prefeitura de Belo Horizonte. Documentos que sustentaram a acusação foram produzidos e articulados por investigados da Operação Rejeito.

O inquérito mostra que Carvalho prometeu repassar arquivos de Lages a “pessoas capacitadas”, em referência a aliados políticos. Dois dias depois, compartilhou informações sobre as contas eleitorais de Duda com Rodrigo Teixeira, então diretor da PF em Minas Gerais, sugerindo formas de formalizar a denúncia.
Deputada foi alvo por defesa ambiental
Para a Polícia Federal, Duda foi tratada como inimiga pelo grupo devido à sua atuação em defesa ambiental. As investigações também apontam proximidade de Carvalho com Nikolas e outros bolsonaristas, como Bruno Engler (PL-MG).
Carvalho teria atuado para atrasar iniciativas como o tombamento da Serra do Curral, atendendo a interesses de mineradoras.
Rivalidade política e decisões judiciais
Em nota, o gabinete de Nikolas afirmou que a denúncia se baseou em informações públicas divulgadas pela imprensa e que o parlamentar atuou no exercício da função fiscalizatória. Duda, por sua vez, negou irregularidades e reafirmou que cumpriu a legislação na exoneração de assessores de campanha.
Os embates entre os dois vêm desde o período em que foram vereadores em Belo Horizonte. Em dezembro de 2024, Nikolas foi condenado em segunda instância por transfobia contra a deputada. A rivalidade se intensificou no Congresso e se espalhou para disputas judiciais.
Operação segue em andamento
A Operação Rejeito continua em curso e já atingiu empresários, políticos e autoridades de diferentes níveis. Entre os presos está Gilberto Carvalho, acusado pela PF de manipular decisões administrativas e legislativas em favor de mineradoras.
