A deputada Duda Salabert (PDT-MG) foi alvo de um comentário transfóbico do deputado Gilson Marques (NOVO-SC) durante a votação do Projeto de Lei do Gabinete Compartilhado, que propõe incluir a educação climática nas políticas nacionais de meio ambiente.
O episódio ocorreu após Duda criticar o posicionamento do partido Novo, que tentou retirar do texto o termo “justiça climática”.
Durante a sessão, Duda afirmou que o Novo representava “o bolsonarismo de sapatênis”, em referência à postura da legenda. “O partido Novo quer suprimir do texto o termo ‘justiça climática’. Não há justiça social sem justiça climática. Nosso voto é pela manutenção do texto e pelo repúdio a esse partido nanico chamado Novo”, declarou a parlamentar.
A resposta de Gilson Marques veio em tom de deboche e com conteúdo transfóbico. O deputado ironizou a aparência da colega e associou sua identidade de gênero às críticas feitas. “Logo a Duda, que todos conhecem as escolhas estéticas que ela utiliza. Basta olhar as vestimentas dela pra saber o que é positivo e negativo”, disse.
Duda denuncia transfobia e misoginia
Duda reagiu imediatamente. “O deputado que me antecedeu nunca falou da roupa de ninguém, mas decidiu falar da roupa de uma travesti. Isso revela não apenas transfobia, mas misoginia. Tudo o que remete ao feminino é tratado como negativo por esse partido, que é o bolsonarismo de sapatênis”, afirmou, sendo aplaudida por colegas de diferentes bancadas.
A deputada também criticou o desvio de foco no debate legislativo: “Discutir roupas é rebaixar o Parlamento. Eu acho breguíssimo esse uniforme de terno cinza que muitos usam, mas não viemos aqui discutir moda. Estamos tratando da crise climática, de vidas em risco e de responsabilidade ambiental”.
Projeto aprovado pela Câmara
Apesar do embate, o projeto de lei foi aprovado pela Câmara dos Deputados. O texto determina que o Ministério do Meio Ambiente e órgãos vinculados promovam ações educativas e de conscientização sobre desastres naturais e justiça climática, com garantia de recursos públicos. A proposta segue agora para o Senado.
Nas redes sociais, Duda comemorou o resultado: “A Câmara acaba de aprovar o projeto de educação climática, do qual sou coautora. É um avanço concreto no enfrentamento das mudanças climáticas, com base na ciência e no compromisso com o futuro”, escreveu.
