Hugo Motta

Brasília, 8 de agosto de 2025 — O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), convocou reunião urgente da Mesa Diretora nesta sexta-feira para discutir punições aos parlamentares bolsonaristas que protagonizaram a invasão simbólica do plenário na quarta-feira (6). O episódio, classificado como obstrução dos trabalhos legislativos, foi mais um capítulo da escalada antidemocrática capitaneada pela oposição aliada de Jair Bolsonaro (PL).

A ofensiva visava tumultuar a pauta e constranger o Supremo Tribunal Federal após a decretação da prisão domiciliar do ex-presidente, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes. Em resposta, Hugo Motta sinalizou que os atos não ficarão impunes e prometeu medidas firmes para evitar que o plenário seja novamente transformado em palco de chantagem política.

“Vamos decidir sobre possíveis punições aos que excederam todos os limites”, disse o presidente à CNN Brasil.

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Oposição aposta no tumulto como estratégia

A ocupação da Mesa Diretora por deputados da extrema direita teve como objetivo travar os trabalhos do Congresso e forçar a votação do chamado “pacote da paz” — um combo de medidas que inclui anistia aos golpistas do 8 de janeiro, impeachment de ministros do STF e fim do foro privilegiado. A chantagem institucional, mais uma vez, se apresentou como ferramenta política dos setores que seguem fiéis ao ex-presidente condenado.

Durante o motim, a presidência da Casa precisou intervir com a abertura forçada de uma sessão deliberativa, marcada inicialmente para 20h30, mas adiada devido à ocupação. A sessão só foi possível após Hugo Motta retomar sua cadeira, simbolizando a tentativa de resgate do mínimo funcionamento democrático da Câmara.

“Esse tipo de manifestação não será normalizado. A Mesa irá atuar para preservar a ordem e a institucionalidade”, afirmou o deputado.


A nova face do bolsonarismo no Congresso

A cena da ocupação expõe o nível de radicalização do bolsonarismo parlamentar, que já não atua mais por dentro das regras, mas sim contra elas. O episódio reaquece o debate sobre quais limites podem ou não ser ultrapassados sob o pretexto de manifestação política. Ao tolerar tais práticas, a oposição flerta com a desestabilização contínua do sistema democrático brasileiro.

A Câmara, pressionada por grupos que ainda operam sob lógica golpista, precisa reagir com firmeza. Como deixou claro Hugo Motta, não se trata de silenciar parlamentares, mas de impedir que o plenário seja instrumentalizado para deslegitimar as instituições.


O que está em jogo

Quem participou da ocupação?
Deputados da base bolsonarista, em protesto contra a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro.

O que motivou o protesto?
A decisão do STF de restringir a liberdade do ex-presidente, acusado de obstrução de Justiça.

Qual foi a reação da Câmara?
Hugo Motta abriu sessão deliberativa e agora articula punições formais aos envolvidos.

Qual o objetivo da oposição?
Impor a votação de um “pacote da paz” que inclui anistia, impeachment de ministros e fim do foro.

O que pode acontecer agora?
A Mesa Diretora pode aplicar suspensões e endurecer o regimento para evitar novas ocupações.


Democracia à prova dentro do Congresso

O gesto de Hugo Motta vai além de um conflito interno. É uma resposta institucional ao avanço de estratégias que buscam desmoralizar o Legislativo como espaço de diálogo e deliberação. A leniência com ações golpistas, ainda que travestidas de protesto, representa um risco direto à funcionalidade democrática.

Ao reunir a Mesa Diretora, Motta sinaliza que haverá consequências. Mas a eficácia da resposta depende da disposição dos demais líderes partidários em romper definitivamente com a tolerância à sabotagem parlamentar.

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JR Vital - Diário Carioca
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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.