Daniel Vorcaro, dono do Banco Master. Foto: reprodução
Atualizado em 02/12/2025 11:57

A apreensão de documentos pela Polícia Federal durante a Operação Compliance Zero trouxe ao inquérito indícios de que parlamentares podem estar envolvidos no esquema de carteiras de crédito falsas ligado ao Banco Master. A constatação deve levar o caso à PGR, exigindo autorização do STF para qualquer passo adicional.

O depoimento de Paulo Henrique Costa, ex-presidente do BRB, que aconteceria na sede da PF, foi adiado sem justificativas. Esperava-se que ele detalhasse como o banco adquiriu bilhões em títulos que, segundo as investigações, simplesmente não existiam. Seu advogado, Cleber Lopes, havia antecipado que a oitiva seria “muito importante” para o avanço das apurações.

O deputado federal bolsonarista João Carlos Bacelar (PL-BA). Foto: Agência Câmara
O deputado federal bolsonarista João Carlos Bacelar (PL-BA). Foto: Agência Câmara

Entre os possíveis alvos do Congresso aparece o deputado João Carlos Bacelar (PL-BA). Na casa de Daniel Vorcaro, então presidente do Master, a PF encontrou documentos com investimentos imobiliários que teriam relação com o parlamentar bolsonarista.

A cúpula do BRB tenta se reorganizar em meio à crise. Nelson Antônio de Souza assumiu a presidência após aprovação da CLDF e aval do Banco Central, com um ato simbólico ao lado do governador Ibaneis Rocha (MDB), que reforçou apoio político ao novo comando. O banco diz que a definição dos outros cargos seguirá os protocolos de governança e passará pelo Comitê de Elegibilidade, pelo Conselho e pelo próprio Banco Central.

O BRB iniciou auditoria interna para reavaliar contratos de patrocínio, revisar áreas de Compliance, Riscos e Governança e contratou escritório jurídico e assessoria técnica para apuração forense das operações com o Master.

A investigação intensificou-se após a prisão de Daniel Vorcaro, detido no aeroporto de Guarulhos em 18 de novembro. Ele foi liberado dias depois por decisão do TRF-1, mas permanece monitorado por tornozeleira eletrônica. Segundo a PF, o BRB teria comprado R$ 12,2 bilhões em carteiras de crédito sem documentação adequada, negócio classificado pelo Banco Central como “temerário”.

Dois meses antes, o BC havia barrado a compra do controle do Master pelo BRB por R$ 2 bilhões, citando risco de absorção de ativos problemáticos. A partir daí, documentos foram enviados ao MPF, apontando indícios de crimes contra o Sistema Financeiro Nacional e acionando a atuação da Polícia Federal.

Com o avanço das investigações, a Justiça Federal afastou Paulo Henrique Costa e Dario Oswaldo Garcia Júnior, diretor de Finanças do BRB, por 60 dias. Ambos foram posteriormente demitidos pelo governador Ibaneis Rocha. O BRB afirma que, dos R$ 12,76 bilhões da transação irregular, mais de R$ 10 bilhões já foram liquidados ou substituídos e que todas as etapas tiveram acompanhamento do Banco Central. O banco reforça que é credor na liquidação extrajudicial do Master e que suas operações seguem padrão adequado.

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JR Vital - Diário Carioca
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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.