Bolsonaro - © Lula Marques/Agência Brasil

A Procuradoria-Geral da República (PGR), sob comando de Paulo Gonet, defendeu que a Polícia Federal (PF) intensifique o monitoramento sobre Jair Bolsonaro, réu na trama golpista e que cumpre prisão domiciliar. A manifestação da PGR foi enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF), após um ofício da PF apontar risco de fuga do ex-presidente, que poderia tentar asilo na Embaixada dos Estados Unidos em Brasília.

O procurador-geral, no entanto, ressaltou que o monitoramento adicional não deve ser “intrusivo da esfera domiciliar do réu, nem que sejam perturbadores das suas relações de vizinhança”. O pedido da PGR ocorre em meio ao acirramento da crise política e judicial que cerca Bolsonaro.

Risco de fuga e a intervenção da Polícia Federal

A preocupação com a fuga de Bolsonaro ganhou força após um ofício do líder do PT, Lindbergh Farias, ser encaminhado ao diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues. O documento aponta o risco de o ex-presidente buscar asilo político na Embaixada dos Estados Unidos, que fica a cerca de dez minutos de sua residência em Brasília. A proximidade da residência de Bolsonaro com a embaixada americana tem sido um ponto de atenção para as autoridades.

Diante do alerta, Andrei Rodrigues repassou o caso à Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Distrito Federal. A manifestação do diretor da PF foi incluída no processo e o ministro relator, Alexandre de Moraes, solicitou o parecer da PGR para decidir sobre as novas medidas a serem adotadas. O STF tem intensificado sua atuação para garantir a efetividade das medidas cautelares impostas a investigados por ações golpistas.

Cenário de incerteza e o futuro de Bolsonaro

A defesa de Bolsonaro nega que o ex-presidente tenha violado qualquer uma das restrições impostas pelo STF. A minuta encontrada em seu celular, que tratava de um suposto pedido de asilo à Argentina, é outro ponto de controvérsia que a PGR também deve analisar até a próxima quarta-feira (26). A decisão de Alexandre de Moraes sobre as novas medidas deve ocorrer nos próximos dias, em um momento crucial para o caso.

Interlocutores de Gonet afirmam que a situação de Bolsonaro não deve se alterar significativamente antes do julgamento, previsto para começar em 2 de setembro. No entanto, o pedido por monitoramento extra demonstra a seriedade com que as autoridades tratam a possibilidade de uma evasão do ex-presidente. A situação de Bolsonaro é um dos focos da cobertura sobre a trama golpista, que segue avançando no STF.

Apesar das garantias de Gonet de que a medida não será invasiva, a busca por uma vigilância extra da PF representa um aprofundamento do cerco judicial a Bolsonaro, refletindo a desconfiança das instituições em relação ao cumprimento das cautelares.

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Vanessa Neves é Jornalista, editora e analista de mídias sociais do Diário Carioca. Criadora de conteúdo, editora de imagens e editora de política.