Guilherme Derrite - Foto: GESP

O deputado federal Guilherme Derrite (PP-SP) apresentou proposta que equipara crimes cometidos nos ataques golpistas do 8 de janeiro a atos terroristas, prevendo penas de até 30 anos de prisão, gerando debates sobre o endurecimento da legislação antiterrorismo no Brasil.

O projeto do deputado federal Guilherme Derrite (PP-SP), secretário de Segurança Pública de São Paulo, propõe uma radical elevação nas punições para crimes associados a ataques golpistas, com definição explícita que crimes como depredação, sabotagem, bloqueios e incêndios durante manifestações — incluindo ações violentas cometidas no 8 de janeiro — sejam tratados como terrorismo, com penas que podem chegar a 30 anos de prisão.

A proposta insere novos artigos na Lei de Combate ao Terrorismo, ampliando o escopo da legislação para incluir condutas que produzem efeitos sociais e políticos graves, consideradas equivalentes a atos terroristas segundo o deputado. Entre as práticas listadas estão o uso da violência para intimidar, a destruição de prédios públicos, obstrução de ações policiais e bloqueio de vias públicas, todas vistas durante a invasão das sedes dos Três Poderes em Brasília.

O secretário Nacional de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Marivaldo Pereira, alertou que a medida poderia englobar um amplo espectro de movimentos além dos golpistas, incluindo bloqueios de caminhoneiros, protestos pacíficos e manifestações que dificultam a atuação policial, o que pode gerar polêmica sobre a extensão e retrocesso na liberdade de expressão e direito de protesto.

Advogados criminalistas ressaltam que o STF já condenou mais de mil pessoas por crimes do 8 de janeiro com base no Código Penal vigente, mas reconhecem que a aprovação da proposta de Derrite endureceria ainda mais o tratamento penal, com penas aumentadas e regras mais rígidas para progressão de regime.

O relator defende o endurecimento para elevar o custo do crime organizado no Brasil, buscando preencher lacunas da legislação atual ao criar um artigo 2-B que equipara diretamente facções criminosas e milícias ao terrorismo, sem a necessidade das motivações políticas ou ideológicas exigidas na lei antiterrorismo atual.

A proposta controversa provoca críticas do governo Lula, que avalia o texto como uma descaracterização da proposta original do projeto antifacção, defendendo uma abordagem integrada, constitucional e de coordenação federativa para o combate ao crime. A estratégia de Derrite, baseada na repressão dura e na descentralização, reduziu o papel da União e preocupa técnicos governamentais por tratar de maneira igual crimes e níveis distintos de participação, violando o princípio da culpabilidade.

Impactos e críticas ao projeto Derrite

AspectoDetalhes e Controvérsias
Condutas equiparadas ao terrorismoDepredação, incêndios, bloqueios, sabotagem
Penas previstasDe 20 a 40 anos, endurecendo em relação à lei atual
Alcance do projetoPoderia criminalizar manifestações e protestos diversos
Reação do governoConsidera projeto um retrocesso legal e político
Foco do relatorEndurecimento penal e descentralização da coordenação

O projeto de Derrite representa um ponto crítico na legislação brasileira de segurança pública e combate ao crime, aprofundando o debate sobre até onde o endurecimento penal pode avançar sem violar garantias constitucionais e direitos civis. O embate no Congresso Nacional promete ser acirrado, com potencial impacto significativo na condução do enfrentamento ao crime organizado e manifestações sociais

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JR Vital - Diário Carioca
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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.