Chico Rodrigues - © Jefferson Rudy/Agência Senado

A instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, marcada para esta terça-feira (26), já nasce mergulhada em controvérsia. O senador Chico Rodrigues (PSB-RR), que ficou nacionalmente conhecido em 2020 após ser flagrado pela Polícia Federal com R$ 33 mil escondidos na cueca, será um dos integrantes titulares do colegiado responsável por apurar o maior esquema de fraudes previdenciárias da história recente.


O escândalo da cueca

Ex-vice-líder do governo Jair Bolsonaro, Rodrigues foi alvo de operação da PF em outubro de 2020, quando agentes encontraram dinheiro escondido em suas roupas íntimas. O caso gerou repercussão internacional e simbolizou a promiscuidade entre política e corrupção em plena pandemia de Covid-19.

Em 2021, o parlamentar foi formalmente indiciado por envolvimento no desvio de recursos federais destinados ao combate ao coronavírus em Roraima. Apesar do indiciamento, manteve o mandato e hoje se apresenta como fiscal da moralidade na CPMI.


Comissão nasce sob suspeita

A CPMI tem como objetivo investigar uma fraude bilionária no INSS, estimada em R$ 6 bilhões, envolvendo aposentadorias, pensões e benefícios obtidos com documentos falsos e manipulação de sistemas.

Formada por deputados e senadores, a comissão terá poderes para convocar testemunhas, requisitar documentos e aprofundar inquéritos já conduzidos pelo Ministério Público Federal e pela própria Polícia Federal.

Mas a presença de Rodrigues — que até hoje carrega a pecha de protagonista do “escândalo da cueca” — compromete a credibilidade do colegiado. Para analistas, a indicação é um retrato fiel da lógica política que transforma suspeitos em juízes.


Histórico de troca de partidos

Rodrigues acumula passagens por PSDB, DEM e União Brasil até se filiar ao PSB em 2023. Sua trajetória política foi marcada por alianças oportunistas e pela habilidade de sobreviver a escândalos que destruiriam carreiras de parlamentares em países com instituições mais sólidas.

Agora, como membro da CPMI, ele terá poder de influenciar diretamente os rumos da investigação sobre um rombo bilionário que atinge a base da seguridade social brasileira.

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JR Vital - Diário Carioca
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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.