O vereador Paulo Muniz, recém-nomeado presidente do PL no Recife por Valdemar Costa Neto, chamou a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro de “quenga” em um grupo de WhatsApp da Câmara Municipal. As mensagens ofensivas foram enviadas durante discussões sobre a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Na troca de mensagens, obtida pela imprensa, Muniz escreveu: “Honesto é Lula e sua quenga (sic)”. Questionado pela vereadora petista Kari Santos se Lula era casado com Michelle, ele respondeu: “É. Duas quengas, tão dominando o mundo (sic)”. As declarações revelam a profundidade das tensões dentro do PL após Valdemar Costa Neto admitir que houve “planejamento de golpe”.
Como as mensagens foram descobertas
O episódio ocorreu em grupo de WhatsApp de vereadores do Recife, onde parlamentares de esquerda comemoravam a condenação do núcleo golpista do governo Bolsonaro. Paulo Muniz, irritado com as celebrações, reagiu com os insultos misóginos contra Michelle Bolsonaro e a primeira-dama Janja da Silva.
As mensagens rapidamente vazaram para além do grupo restrito, chegando à redação de veículos jornalísticos. Procurado para se explicar, Muniz negou veementemente a autoria das declarações, afirmando que “jamais falaria isso” e se declarando “um grande admirador da ex-primeira-dama por suas lutas”.
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Por que este caso importa
O escândalo evidencia a crise de masculinidade tóxica e misoginia que permeia parte da política brasileira, onde mulheres públicas são frequentemente atacadas com linguagem degradante. A conduta de Muniz é particularmente grave por vir de um presidente municipal de partido que se apresenta como defensor dos “valores familiares”.
O caso também expõe as tensões internas no PL entre bolsonaristas radicais e a ala mais pragmática liderada por Valdemar Costa Neto. A nomeação de Muniz pelo próprio Valdemar torna o episódio ainda mais embaraçoso para a cúpula partidária.

Qual a reação esperada
A ofensa a Michelle Bolsonaro deve provocar reações furiosas da base bolsonarista mais radical, que já está insatisfeita com as admissões de Valdemar Costa Neto sobre o planejamento golpista. O episódio pode acelerar a fragmentação do partido entre leais a Bolsonaro e alinhados com Valdemar.
Juridicamente, as declarações podem configurar injúria e difamação, crimes previstos no Código Penal. Michelle Bolsonaro poderia, se desejar, entrar com ação judicial contra o vereador, embora historicamente tenha evitado judicializar ofensas pessoais.
O que isso revela sobre a cultura política
O caso Muniz é sintomático da degradação do debate político no Brasil, onde discussões substantivas são frequentemente substituídas por ataques pessoais misóginos e linguagem vulgar. A impunidade para esse tipo de conduta nas casas legislativas perpetua um ambiente hostil à participação feminina na política.
A hipocrisia fica evidente: um partido que se apresenta como paladino da “moral e dos bons costumes” abriga em suas fileiras vereadores que usam linguagem claramente ofensiva e degradante contra mulheres, incluindo a ex-primeira-dama que supostamente defenderiam.



