Brasília – Lead O mandato de Arthur Lira, do Progressistas (PP-AL), chegou ao fim nesta sexta-feira (20). Durante quase quatro anos no comando da Câmara dos Deputados, Lira consolidou o centrão como principal força política no país.
Sua gestão foi marcada por autoritarismo, manobras regimentais e o polêmico orçamento secreto, que distribuiu bilhões de reais a aliados sem transparência.
Concentração de poder e orçamento secreto
Arthur Lira iniciou seu mandato com o apoio estratégico de Jair Bolsonaro, consolidando alianças em troca de cargos e verbas parlamentares. A partir de 2021, ele utilizou o orçamento secreto como ferramenta de barganha política, destinando bilhões de reais a aliados para garantir fidelidade.
Em 2022, as emendas de relator alcançaram R$ 20 bilhões, tornando-se o maior orçamento secreto da história. Mesmo após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) para aumentar a transparência, Lira articulou manobras que mantiveram seu controle sobre os recursos.
Projetos polêmicos aprovados
Durante sua gestão, Lira articulou a tramitação de projetos controversos:
- Marco temporal (PL 490/2007): Aprovado em 2023, limitou a demarcação de terras indígenas, gerando protestos e críticas internacionais.
- PL do Estupro (PL 1904/2024): Equiparou interrupções de gravidez acima de 22 semanas a homicídio. A medida foi retirada após pressão popular.
- Desmonte do Meio Ambiente (MP 1154/2023): Transferiu funções do Ministério do Meio Ambiente ao Ministério da Agricultura, beneficiando o agronegócio.
Perseguição política e à imprensa
Durante sua gestão, Lira perseguiu parlamentares da oposição e jornalistas:
- Glauber Braga (PSOL-RJ): Foi alvo de processos de cassação após chamar Lira de “chefe do orçamento secreto”.
- Fotojornalistas: Em 2023, Lira proibiu a entrada de profissionais no plenário após publicação de uma imagem que o comparava a um cacique.
- Guga Noblat: Expulso da Câmara em ato classificado como “perseguição”.
Apoio a Bolsonaro e barganhas com Lula
Lira foi um dos principais aliados de Jair Bolsonaro em 2022, apoiando medidas populares durante a campanha. Após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, ele alterou sua estratégia, dificultando a tramitação de pautas como a reforma tributária até obter concessões do governo.
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Denúncias pessoais
Desde 2022, a ex-esposa de Lira, Jullyene Lins, o acusa de violência doméstica e corrupção. Ela apresentou provas documentais e destacou o papel de Lira no orçamento secreto, chamando-o de “um dos maiores escândalos de corrupção do país”.
Próximo presidente da Câmara
A eleição para a presidência da Câmara ocorrerá em fevereiro de 2025. Hugo Motta (Republicanos-PB), apoiado por Lira, é o favorito.