Investigação

Assessor de Bolsonaro detalha movimentação de joias e envelopes em depoimento à PF

Depoimento de Crivelatti foi divulgado com o indiciamento do ex-presidente

Foto: Reprodução / Instagram
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Osmar Crivelatti, assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), revelou em depoimento à Polícia Federal (PF) detalhes sobre a movimentação de bens pertencentes ao acervo presidencial. Ele afirmou que entregou um kit de joias, conhecido como “kit ouro branco”, a outro assessor de Bolsonaro na sede do Partido Liberal (PL) em Brasília, no dia 3 de abril do ano passado. O depoimento de Crivelatti, ocorrido em agosto, foi divulgado recentemente, juntamente com o indiciamento de Bolsonaro, Crivelatti e outras dez pessoas por desvio de itens de luxo do acervo presidencial.

O kit, presenteado a Bolsonaro em outubro de 2019 na Arábia Saudita, foi inicialmente recebido por Crivelatti sem o relógio Rolex, que só foi entregue posteriormente pelo tenente-coronel Mauro Cid. Seguindo orientações, Crivelatti guardou o kit completo até o momento de devolvê-lo à Caixa Econômica Federal, conforme determinação do Tribunal de Contas da União (TCU).


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Além das joias, Crivelatti mencionou a movimentação de esculturas douradas, entregues a Bolsonaro em uma viagem oficial. As esculturas foram levadas à sede do PL e, posteriormente, à fazenda do ex-piloto Nelson Piquet, após verificarem que não estavam registradas no sistema do acervo privado do ex-presidente.

Crivelatti também relatou à PF a entrega de envelopes brancos ao ex-presidente, repassados pelo tenente-coronel Mauro Cid. Embora não soubesse o conteúdo dos envelopes, afirmou que “envolvia um volume” diferente de papel. Em outro depoimento, o general Mauro Lourena, pai de Cid, confirmou ter entregue a Bolsonaro US$ 68 mil, provenientes da venda de relógios recebidos pela Presidência.

Em nota, o PL afirmou não ter conhecimento sobre qualquer kit de joias levado à sede do partido e destacou seu compromisso com a transparência e a ética. O advogado de Crivelatti, Flávio Raupp, ressaltou que seu cliente contribuiu para esclarecer os fatos desde que assumiu a defesa. Já o advogado de Marcelo Câmara, Eduardo Kuntz, expressou surpresa com o indiciamento de seu cliente, afirmando que todas as ações de Câmara foram realizadas com zelo e em conformidade com a legislação.