Brasília – O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, afirmou nesta sexta-feira (28) que a punição dos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023 é inevitável. Ele destacou que a gravidade das penas está diretamente relacionada às infrações cometidas e ressaltou que a percepção dos brasileiros sobre o caso tende a mudar com o tempo.
“As penas foram elevadas pelo número de crimes praticados. O Brasil tem uma característica peculiar: no momento dos acontecimentos, há uma profunda indignação, mas, com o passar do tempo, as pessoas começam a sentir pena. Passamos da revolta à compaixão”, afirmou o ministro.
Punição como necessidade para evitar novos ataques
Barroso reforçou que a responsabilização dos envolvidos nos ataques é crucial para a manutenção da ordem democrática. Ele mencionou o caso da cabeleireira Débora Rodrigues, que pichou a estátua “A Justiça” com a frase “perdeu, mané”, e disse que as punições não podem ser relativizadas.
“A punição é inevitável. Se mais adiante houver redução de penas, isso pode ser discutido, mas a responsabilização precisa acontecer”, pontuou o ministro.
Ele alertou que não punir tais atos pode encorajar novos ataques contra a democracia. “Se esse episódio ficasse impune, nas próximas eleições poderíamos ver grupos inconformados incentivando a derrubada de um governo democraticamente eleito. Isso não é bom para o país”, disse.
Aula na UERJ e debate sobre democracia
As declarações foram dadas após Barroso ministrar uma aula na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Professor da instituição desde 1982, ele participou da aula inaugural no Campus Maracanã com o tema “Plataformas digitais, Inteligência Artificial e os desafios para a sociedade”.
O debate sobre as punições aos participantes dos atos de 8 de janeiro continua no STF. O julgamento de Débora Rodrigues foi suspenso nesta semana, reacendendo discussões sobre a dosimetria das penas aplicadas aos condenados.
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Entenda o caso: punição dos envolvidos no 8 de janeiro
- O que aconteceu? Em 8 de janeiro de 2023, manifestantes invadiram os Três Poderes em Brasília, depredando patrimônio público.
- Quem é Débora Rodrigues? A cabeleireira foi flagrada pichando a estátua “A Justiça” com batom.
- O que diz Barroso? O ministro defende punição rigorosa para evitar novos ataques.
- Qual é a polêmica? O julgamento de Débora foi suspenso, levantando discussões sobre a severidade das penas.