Brasília – O ex-presidente Jair Bolsonaro foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por suposto envolvimento em uma trama golpista para permanecer no poder após as eleições de 2022. As informações são de O Globo.
A acusação, assinada pelo procurador-geral Paulo Gonet, será apresentada nesta terça-feira (18), ao Supremo Tribunal Federal (STF). O general Walter Braga Netto e outros integrantes da cúpula política também estão entre os denunciados.
O caso será encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no STF. Após a análise, a Primeira Turma da Corte decidirá se aceita ou não a denúncia. Se acolhida, Bolsonaro se tornará réu e responderá judicialmente.
Estratégia da PGR e andamento da investigação
A PGR adotou a estratégia de fatiar a denúncia, em vez de apresentar todas as acusações de uma só vez. Dessa forma, novas ações contra outros investigados podem surgir conforme o avanço das apurações.
A Polícia Federal (PF), em um relatório de 884 páginas, apontou que Bolsonaro “planejou, atuou e teve domínio direto e efetivo” sobre a tentativa de golpe. O documento também indicia 39 pessoas, incluindo:
- Walter Braga Netto (ex-ministro da Defesa e ex-candidato a vice-presidente);
- Augusto Heleno (ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional);
- Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa);
- Almir Garnier (ex-comandante da Marinha).
Segundo a PF, os investigados tinham o objetivo de abolir o Estado Democrático de Direito. O golpe não se concretizou devido a “circunstâncias alheias à vontade dos envolvidos”.
Defesa de Bolsonaro
Bolsonaro negou qualquer participação em um plano golpista. Durante uma visita ao Senado, ele declarou:
“Você já viu a minuta do golpe? Não viu. Viu a delação do Mauro Cid? Não viu.”
O que acontece agora?
Caso a Primeira Turma do STF aceite a denúncia, a justiça entrará na fase de instrução processual, com:
- Coleta de provas;
- Depoimentos das partes envolvidas;
- Possibilidade de novas diligências e análises periciais.
O ministro Alexandre de Moraes será responsável por elaborar um voto sobre o caso. Não há prazo definido para essa etapa. A expectativa é que o julgamento finalize antes de 2026, evitando impactos no próximo ano eleitoral.