Bolsonaro se enfurece com possível acordo de “meia anistia” que pode aliviar golpistas

Planalto, Congresso e STF discutem alternativas à anistia; ex-presidente se opõe a medida que não o beneficie diretamente

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Efeito Chantagem
Jair Bolsonaro - © Valter Campanato/Agência Brasil

Brasília – Jair Bolsonaro está irritado com articulações em Brasília para aliviar as penas dos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

O movimento envolve o Congresso Nacional, o Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF), que discutem uma forma de reduzir o impacto político e jurídico do caso sem recorrer à anistia total.

O plano em debate não contempla diretamente o ex-presidente, que teme continuar sujeito à condenação e prisão. Bolsonaro entende que qualquer solução que não o inclua deixa sua situação jurídica inalterada.

Pressão por mudanças e disputa política

Deputados ligados ao bolsonarismo reuniram 257 assinaturas para colocar em pauta, com urgência, o Projeto de Lei da Anistia. A medida, contudo, não avança por resistência do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que tenta postergar a discussão.

Enquanto isso, o STF também enfrenta críticas. Um comentário do ministro Luiz Fux abriu espaço para a extrema direita questionar decisões da Corte, o que acirrou ainda mais os ânimos entre os Poderes.

Solução por via judicial ganha força

A alternativa discutida entre os Poderes é um acordo para que o STF revise algumas sentenças dos condenados. A ideia é reduzir as penas, o que permitiria a progressão de regime ainda em 2025.

No entanto, ministros como Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes se opõem à medida. Eles afirmam que ceder à pressão comprometeria a imagem do Supremo e enfraqueceria sua autoridade.

Além disso, avaliam que a maioria dos presos deve conquistar o regime aberto até o ano que vem, devido às penas já aplicadas.

Congresso analisa alternativa à anistia

Outra possibilidade discutida é a reformulação do PL da Anistia. A proposta atual seria substituída por uma nova lei que reduza penas de forma retroativa. Dessa maneira, os condenados continuariam sendo réus, mas com penas menores.

O texto não os absolveria, mas permitiria o retorno para casa com penas reduzidas. A medida exigiria menos esforço político do que a anistia plena, que enfrenta mais resistência.

Lei da Soberania pode entrar na discussão

Setores do Congresso defendem mudar a Lei Federal 14.197/2021, conhecida como Lei de Soberania Nacional, sancionada por Bolsonaro. A norma substituiu a antiga Lei de Segurança Nacional da ditadura e serviu como base para condenações dos envolvidos nos atos de 8 de janeiro.

Essa hipótese, contudo, é considerada remota, pois poderia beneficiar o próprio ex-presidente e criar um vácuo legal em temas sensíveis.

Planalto tenta reduzir danos

O presidente Lula (PT) escuta diferentes posições. Ele discute o assunto com Hugo Motta e com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Este último se posiciona contra qualquer tipo de benefício aos condenados.

Ainda assim, o Planalto reconhece que pode haver algum recuo. O objetivo seria permitir a liberação de presos de menor periculosidade, sem comprometer a punição dos principais articuladores do 8 de janeiro, incluindo o próprio Bolsonaro.

Declarações internas geram tensão

Na noite do dia 10, a ministra Gleisi Hoffmann, da Secretaria de Relações Institucionais, reconheceu que há “pontos de vista defensáveis” sobre a anistia. A fala provocou forte reação no STF, que viu na declaração um aceno perigoso à base bolsonarista.

A Corte reagiu imediatamente e cobrou explicações do governo sobre a declaração, que consideraram um erro político grave.

Bolsonaro reage com fúria

Ao saber do possível “acordão” que não o incluiria, Bolsonaro se revoltou. Ligou para aliados pedindo que impedissem a aprovação de qualquer medida que alivie penas sem garantir anistia total.

Segundo aliados, ele entende que somente a anistia completa poderia livrá-lo das acusações. A progressão de pena para os seus seguidores não o ajudaria, pois seus processos no STF seguem em andamento.

Se condenado, ele poderia cumprir ao menos cinco anos de prisão antes de obter qualquer benefício, mesmo em uma pena reduzida.

Entenda: cinco pontos para entender o impasse

  1. 257 deputados já assinaram a urgência para votação do PL da Anistia.
  2. STF discute revisão de penas como alternativa à anistia, mas enfrenta resistência interna.
  3. Uma nova proposta legislativa pode reduzir penas sem anistiar os condenados.
  4. Lula, Motta e Alcolumbre tentam equilibrar pressões políticas e jurídicas.
  5. Bolsonaro rejeita qualquer solução que não o beneficie diretamente.

Com informações da Revista Forum

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Equipe de jornalistas do Jornal DC - Diário Carioca