Brasília – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tenta reverter sua situação jurídica no Supremo Tribunal Federal (STF). Em sua defesa, entregue na quinta-feira (6), ele solicitou o afastamento de Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Cristiano Zanin da Primeira Turma do STF, além da anulação da delação de seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid. No entanto, o ministro Luís Roberto Barroso negou os pedidos por falta de fundamento jurídico.
Bolsonaro também manifestou preocupação com o julgamento e comparou a Primeira Turma do STF a uma “câmara de gás”. A defesa adotou tom combativo, criticando a Polícia Federal (PF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR), chamando a acusação de “peça de ficção”. O documento, com 129 páginas, também acusa Cid de mentir e ser um “duvidoso delator”.
Defesa aposta em nova estratégia
A defesa de Bolsonaro substituiu o advogado Frederick Wassef por uma equipe de criminalistas liderada por Celso Villardi. O novo grupo busca elevar o nível técnico das argumentações.
Em um dos trechos da defesa, os advogados elogiam um voto do ministro Edson Fachin, descrevendo-o como “impecável”. Também exaltam uma “inesquecível lição” do ex-ministro Celso de Mello, apesar de Bolsonaro ter criticado ambos no passado.
A defesa ainda alega que Bolsonaro “aceitou sua derrota eleitoral” e pediu que seus apoiadores respeitassem a transição de governo. Contudo, ele questionou publicamente o resultado das eleições de 2022 e deixou o Brasil antes da posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Lista de testemunhas e erros na documentação
A defesa também solicitou que o STF ouça 13 testemunhas antes do julgamento. A lista inclui nomes como:
- Ciro Nogueira (PP-PI)
- Eduardo Pazuello (PL-RJ)
- Hamilton Mourão (Republicanos)
- General Freire Gomes
- Brigadeiro Baptista Júnior
Entretanto, um erro na documentação chamou atenção. A defesa citou um suposto “senador Gilson Machado”, mas ele nunca foi eleito para o cargo. O ex-ministro do Turismo concorreu ao Senado em 2022 e 2024, mas perdeu ambas as eleições.
Entenda o caso: Bolsonaro e as acusações no STF
- O que está em jogo? O ex-presidente é investigado por tentativa de golpe de Estado e outros crimes após a derrota eleitoral em 2022.
- Qual a importância da delação de Mauro Cid? Ele forneceu provas que comprometem Bolsonaro.
- Por que os ministros não foram afastados? O STF considerou que não há base legal para os pedidos.
- Quais são as próximas etapas? O julgamento segue com avaliação das provas e depoimentos.