Brasília – O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, revelou em depoimento ao ministro Alexandre de Moraes e ao procurador-geral da República Paulo Gonet que o ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto entregou dinheiro em uma sacola de vinho para financiar um plano que visava assassinar Moraes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o vice-presidente Geraldo Alckmin. A informação foi divulgada pelo portal O Globo.
O repasse do dinheiro
Segundo Cid, o dinheiro foi entregue ao major Rafael Martins de Oliveira, que teria solicitado os recursos para a logística do plano denominado “Punhal Verde e Amarelo“. Inicialmente, Braga Netto sugeriu buscar financiamento junto ao Partido Liberal (PL), mas a tentativa não teve sucesso. “Fui conversar com o coronel responsável pelo partido. Ele viu o documento, mas disse que o PL não poderia apoiar esse tipo de ação”, afirmou Cid.
Diante da negativa, Braga Netto teria garantido que encontraria outra forma de obter os recursos. Duas semanas depois, o ex-ministro entregou uma sacola de vinho com dinheiro. “O general Braga Netto me entregou dinheiro. Era uma sacola de presente de vinho, com notas grampeadas. Não contei, não sei quanto tinha”, relatou Cid.
O destino dos recursos
As investigações indicam que o valor solicitado era de R$ 100 mil, mas Cid não soube precisar se todo o montante foi entregue por Braga Netto. O dinheiro teria sido repassado aos “kids pretos”, grupo formado por membros das Forças Especiais do Exército, supostamente responsáveis pela execução do plano.
As revelações reforçam a tese de um esquema dentro de setores militares para atentar contra figuras-chave do governo e do Supremo Tribunal Federal (STF). O depoimento de Cid deve embasar novas diligências da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF).