sábado, fevereiro 22, 2025

Comissão reabre investigação sobre morte de JK

Para Maria Eugênia Gonzaga, novas investigações sobre a morte de JK devem levar, no mínimo, de três a seis meses - Reprodução/Agência Senado
Eugênia Augusta Gonzaga - Reprodução/Agência Senado

A Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) iniciou, na última sexta-feira (14), a reanálise do caso sobre a morte do ex-presidente Juscelino Kubitschek (JK), que ocorreu em 1976.

A presidente da comissão, Eugênia Augusta Gonzaga, informou que o processo ainda não tem prazo determinado para conclusão, mas a expectativa é de que o caso seja resolvido dentro deste ano. A comissão também irá ouvir os familiares de JK antes de dar continuidade às investigações.

O caso de JK foi reaberto em 2024 após um pedido de reabertura enviado à CEMDP por Gilberto Natalini e o jornalista Ivo Patarra. A reanálise acontece após a extinção do órgão durante o governo Bolsonaro, mas foi retomada com foco em esclarecer as circunstâncias da morte do ex-presidente.

Expectativa de Conclusão da Investigação

A presidente da CEMDP, Eugênia Gonzaga, afirmou que a investigação pode levar de três a seis meses para ser concluída, devido à complexidade do caso. “O contato com as famílias a gente vai conseguir de maneira mais rápida, mas há a necessidade de refazer diligências e análises periciais”, explicou. Ela acredita que, se tudo correr como esperado, o caso poderá ser decidido ainda em 2025.

O ex-presidente, que foi cassado pela ditadura militar em 1964 e faleceu em um acidente de trânsito em 1976, teve sua morte inicialmente considerada acidental pelo regime. No entanto, versões alternativas surgiram ao longo dos anos, apontando possíveis indícios de sabotagem e envenenamento. As Comissões Estaduais da Verdade de São Paulo e Minas Gerais, por exemplo, sugeriram que a morte poderia ter sido forjada.

Novos Desdobramentos na Investigação

A reabertura do caso trouxe à tona uma nova abordagem sobre a figura de Geraldo Ribeiro, o motorista do carro de JK. A ausência de exames toxicológicos na época do acidente motivou a solicitação da inclusão de Ribeiro como “possível vítima” no processo. A relatora do caso, Maria Cecília Adão, fez o pedido em 14 de fevereiro de 2025, buscando esclarecer o que aconteceu durante o acidente.

Além disso, a comissão dividiu a relatoria do caso entre Maria Cecília Adão e Rafaelo Abritta, que irão coordenar as investigações. Após o contato com as famílias, será decidido se as diligências serão feitas e quais esclarecimentos serão solicitados aos órgãos federais.

Justiça de Transição e o Resgate da Memória

A ativista Diva Soares Santana, membro da CEMDP e representante de familiares de desaparecidos, destacou a importância do esclarecimento de casos como o de JK para o processo de justiça de transição no Brasil. Ela afirmou que é fundamental para a democracia brasileira que a história do regime militar seja esclarecida, inclusive os desaparecimentos e mortes de figuras como JK.

“Queremos saber o que foi feito dos nossos mortos, onde eles foram sepultados, fazer traslado [dos corpos]. Isso tem uma importância que passa pela Justiça de transição”, comentou Diva Soares Santana.

Leia Também

Davi Alcolumbre. Foto: Divulgação

Alcolumbre rejeita debate sobre anistia aos golpistas de 8/1

Senado descarta discutir anistia para envolvidos
Presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). (Foto: Reprodução/ Agência Câmara e Senado)

Alcolumbre e Motta articulam para liberar emendas bloqueadas

Propostas visam destravar verbas canceladas pelo