A Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) iniciou, na última sexta-feira (14), a reanálise do caso sobre a morte do ex-presidente Juscelino Kubitschek (JK), que ocorreu em 1976.
A presidente da comissão, Eugênia Augusta Gonzaga, informou que o processo ainda não tem prazo determinado para conclusão, mas a expectativa é de que o caso seja resolvido dentro deste ano. A comissão também irá ouvir os familiares de JK antes de dar continuidade às investigações.
O caso de JK foi reaberto em 2024 após um pedido de reabertura enviado à CEMDP por Gilberto Natalini e o jornalista Ivo Patarra. A reanálise acontece após a extinção do órgão durante o governo Bolsonaro, mas foi retomada com foco em esclarecer as circunstâncias da morte do ex-presidente.
Expectativa de Conclusão da Investigação
A presidente da CEMDP, Eugênia Gonzaga, afirmou que a investigação pode levar de três a seis meses para ser concluída, devido à complexidade do caso. “O contato com as famílias a gente vai conseguir de maneira mais rápida, mas há a necessidade de refazer diligências e análises periciais”, explicou. Ela acredita que, se tudo correr como esperado, o caso poderá ser decidido ainda em 2025.
O ex-presidente, que foi cassado pela ditadura militar em 1964 e faleceu em um acidente de trânsito em 1976, teve sua morte inicialmente considerada acidental pelo regime. No entanto, versões alternativas surgiram ao longo dos anos, apontando possíveis indícios de sabotagem e envenenamento. As Comissões Estaduais da Verdade de São Paulo e Minas Gerais, por exemplo, sugeriram que a morte poderia ter sido forjada.
Novos Desdobramentos na Investigação
A reabertura do caso trouxe à tona uma nova abordagem sobre a figura de Geraldo Ribeiro, o motorista do carro de JK. A ausência de exames toxicológicos na época do acidente motivou a solicitação da inclusão de Ribeiro como “possível vítima” no processo. A relatora do caso, Maria Cecília Adão, fez o pedido em 14 de fevereiro de 2025, buscando esclarecer o que aconteceu durante o acidente.
Além disso, a comissão dividiu a relatoria do caso entre Maria Cecília Adão e Rafaelo Abritta, que irão coordenar as investigações. Após o contato com as famílias, será decidido se as diligências serão feitas e quais esclarecimentos serão solicitados aos órgãos federais.
Justiça de Transição e o Resgate da Memória
A ativista Diva Soares Santana, membro da CEMDP e representante de familiares de desaparecidos, destacou a importância do esclarecimento de casos como o de JK para o processo de justiça de transição no Brasil. Ela afirmou que é fundamental para a democracia brasileira que a história do regime militar seja esclarecida, inclusive os desaparecimentos e mortes de figuras como JK.
“Queremos saber o que foi feito dos nossos mortos, onde eles foram sepultados, fazer traslado [dos corpos]. Isso tem uma importância que passa pela Justiça de transição”, comentou Diva Soares Santana.