Brasília – O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), revelou em delação premiada que o ex-presidente ouviu conselhos de um grupo radical que sugeria a utilização de Colecionadores, Atiradores Desportivos e Caçadores (CACs) como uma “tropa civil” em um eventual golpe de Estado.
As informações foram prestadas à Polícia Federal e vieram a público após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), retirar o sigilo do depoimento na última quarta-feira (19).
Eduardo Bolsonaro e a conexão com CACs
Segundo Cid, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) era a principal ponte com os CACs e teria a responsabilidade de mobilizá-los. Ele afirmou que os integrantes do grupo radical acreditavam que esses atiradores civis apoiariam Bolsonaro “em uma tomada de decisão” caso o ex-presidente ordenasse um golpe.
Ainda conforme o depoimento, os aliados de Bolsonaro pressionavam para que ele assinasse um decreto instaurando estado de sítio no país. A ideia era que, com essa medida, haveria uma resposta favorável da população e dos CACs, garantindo suporte armado ao ex-presidente.
Grupo pressionava Bolsonaro
Entre os nomes citados por Mauro Cid como incentivadores dessa estratégia estavam:
- Eduardo Bolsonaro
- Onyx Lorenzoni
- Jorge Seiff
- Gilson Machado
- Magno Malta
- General Mario Fernandes
- Michelle Bolsonaro
O grupo, segundo a delação, instigava Jair Bolsonaro a dar um golpe e utilizava discursos sobre uma suposta necessidade de intervenção para garantir sua permanência no poder.
Convocação de CACs na campanha eleitoral
A influência de Eduardo Bolsonaro sobre os CACs já era pública desde a campanha de 2022. Em 5 de setembro daquele ano, o deputado usou as redes sociais para chamar proprietários de armas e frequentadores de clubes de tiro a atuarem como “voluntários de Bolsonaro” na campanha de reeleição do então presidente.
Na ocasião, publicou no Twitter, hoje X: “Você comprou arma legal? Tem clube de tiro ou frequenta algum? Então você tem que se transformar num voluntário de Bolsonaro. Peça ao seu candidato a deputado federal adesivos e santinhos do Presidente, distribua. Em SP eu te envio. Acesse e peça”.