Washington D.C. – O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) chegou aos Estados Unidos para uma série de reuniões com parlamentares do Partido Republicano, legenda do ex-presidente Donald Trump. O objetivo é levantar informações sobre financiamentos da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAid) no Brasil, bem como de outras entidades de investimentos estrangeiros. A viagem faz parte de uma estratégia para fortalecer a narrativa de que o governo Joe Biden teria interferido nas eleições brasileiras de 2022.
O deputado busca consolidar argumentos que favoreçam um projeto de anistia para os investigados pelos atos golpistas de 8 de janeiro, que também poderia beneficiar Jair Bolsonaro caso ele seja condenado. O bolsonarismo prioriza essa proposta em detrimento de outras pautas, como a revisão da Lei da Ficha Limpa.
Encontros com parlamentares republicanos
Eduardo Bolsonaro deve se reunir com os deputados Chris Smith (Nova Jersey), María Elvira Salazar (Flórida) e Rich McCormick (Geórgia), além dos senadores Rick Scott (Flórida) e Mike Lee (Utah). Todos são aliados de Trump e críticos do governo Biden. As reuniões visam obter detalhes sobre aportes financeiros da USAid e outras agências em programas no Brasil, especialmente os relacionados ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Em outubro de 2024, Smith e María Elvira apresentaram um projeto de lei no Congresso dos EUA para restringir a cooperação financeira e judicial entre entidades americanas e brasileiras. O objetivo é impedir o financiamento a grupos que combatem a desinformação e que colaboram com o TSE.
Acusação de interferência e censura
O projeto de lei republicano cita o envolvimento do TSE em um estudo internacional contra fake news financiado pela USAid como um exemplo de interferência estrangeira. A proposta também proíbe os EUA de atenderem a pedidos de cooperação de “entidades estrangeiras” se o procurador-geral considerar que isso viola a Primeira Emenda da Constituição dos EUA, que protege a liberdade de expressão.
Os republicanos também questionam a colaboração entre ONGs financiadas pela USAid e o TSE na regulação de conteúdo digital. Entre os apoiadores desse movimento, McCormick e Scott são coautores de um projeto de lei para suspender os vistos dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) devido às decisões sobre a moderação de conteúdo na plataforma X (antigo Twitter).
Eduardo Bolsonaro e a agenda trumpista
Eduardo Bolsonaro é cotado para reassumir a Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, que ocupou entre 2019 e 2021. O PT, no entanto, busca barrar sua nomeação para evitar que o colegiado seja usado para promover a agenda trumpista no Brasil.
A expedição de Eduardo aos EUA visa reforçar a ideia de que a gestão Biden favoreceu Lula nas eleições de 2022. No entanto, registros indicam apenas que o governo americano alertou Bolsonaro contra qualquer tentativa de ruptura democrática e repudiou os ataques de 8 de janeiro.
Trump e a investigação sobre a USAid
Desde sua campanha, Trump critica a USAid, acusando-a de viés ideológico. Em sua nova gestão, suspendeu os investimentos da agência por 90 dias e manifestou intenção de desmantelá-la. A medida tem apoio de Elon Musk, nomeado para chefiar o Departamento de Eficiência Governamental, com a missão de cortar US$ 2 trilhões em gastos públicos.
Criada nos anos 1960, a USAid destinou US$ 40 bilhões em 2023 para projetos em 130 países. A agência atua em diversas frentes, desde apoio a governança até combate a doenças como o HIV.
Entenda o caso: a busca por anistia e a investigação da USAid
- Anistia: Projeto defendido pelo bolsonarismo visa perdoar investigados pelos atos de 8 de janeiro.
- Viagem aos EUA: Eduardo Bolsonaro busca informações sobre USAid para fortalecer narrativa de interferência.
- Republicanos aliados: Encontros com parlamentares ligados a Trump miram restrição de investimentos no Brasil.
- Críticas ao TSE: Deputados americanos questionam financiamentos a projetos de combate à desinformação.
- Trump e USAid: Ex-presidente congelou verbas e planeja reduzir influência da agência.